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sábado, 5 de abril de 2014

Delação premiada deve complicar a vida do petista André Vargas, coordenador da campanha de Gleisi


andre_vargas_10Fechando o cerco – A Justiça Federal do Paraná decidiu soltar o empresário Leonardo Meirelles, um dos sócios do laboratório Labogen, depois que ele decidiu colaborar com a investigação e revelou que um financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde para o laboratório havido sido obtido por meio de “contatos políticos” do doleiro Alberto Youssef.

O deputado federal André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara dos Deputados e coordenador da campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná, é um dos contatos políticos do doleiro, de acordo com mensagens interceptadas pela Polícia Federal. O deputado petista disse em pronunciamento na Câmara, na última quarta-feira (2), que apenas encaminhou Youssef ao Ministério da Saúde. As suspeitas são de que seu envolvimento com o escuso negócio é muito maior e passaria até por uma associação informal com o doleiro no Labogen, que pode ter resultado em lucro líquido de R$ 90 milhões.

Meirelles havia sido preso junto com Youssef durante a Operação Lava Jato, no último dia 17. Youssef é acusado pela PF de comandar um esquema de lavagem que movimentou R$ 10 bilhões. A Labogen conseguiu o financiamento em dezembro do ano passado, quando Alexandre Padilha (PT) era o ministro da Saúde, para produzir 35 milhões de comprimidos por ano de citrato de sildenafila (o princípio ativo do Viagra), medicamento para disfunção erétil e também usado no tratamento de hipertensão pulmonar. Os R$ 31 milhões seriam pagos em cinco anos, mediante a entrega dos lotes do medicamento.

O Labogen foi usado pelo doleiro para fazer remessas para o exterior e repatriar US$ 37 milhões (R$ 84 milhões), segundo dados da PF. A movimentação de dólares era feita por meio de simulação de importação e exportações. O advogado de Meirelles, Haroldo Nater, disse que o empresário emprestou a empresa ao doleiro porque precisava de recursos para investir no laboratório.

O laboratório estava quebrado quando Meirelles comprou há cerca de cinco anos, com dívidas de R$ 54 milhões, segundo Nater. Atualmente, o passivo soma R$ 24 milhões. Meirelles ficava com uma comissão que variava de 0,5% a 1% sobre as remessas. Meirelles contou à PF que o doleiro também investiu R$ 3 milhões no laboratório e por isso usou seus contatos políticos para obter o financiamento no Ministério da Saúde.

E-mails revelados pelo jornal “Folha de S. Paulo”, em 27 de março passado, apontam que o diretor de inovação do Ministério da Saúde, Eduardo Jorge Valladares Oliveira, indicou que o Labogen deveria associar-se ao laboratório farmacêutico EMS.

A PF suspeita que o Labogen foi usado para pagar propina por causa da diferença entre os parceiros. A EMS é o laboratório com maior faturamento do País (R$ 5,8 bilhões em 2012, o último dado disponível). Já o Labogen tem uma folha de pagamento de R$ 28 mil, segundo a PF.

O Ministério da Saúde cancelou a parceria assim que a Folha questionou o órgão sobre o negócio suspeito. Foi também aberta uma sindicância para apurar as razões pelas quais o diretor de inovação da pasta teria indicado o EMS.


O ministério afirma que jamais teve contato com a EMS, mas só com o laboratório da Marinha, que fazia parte da parceria. A pasta informa que não houve pagamento, uma vez que nenhum medicamento foi entregue. Ex-ministro da Saúde e candidato do PT ao governo de São Paulo, Padilha disse apoiar a investigação e o cancelamento da parceria.

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