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terça-feira, 29 de abril de 2014

Coronel Malhães: foi crime comum. Eu bem que avisei. Ou: Quando o jornalismo ignora os fatos e a lógica em favor da ideologia


Com o perdão da expressão, viu, leitores?, mas os idiotas me enchem de preguiça, embora eu jamais me recuse a combatê-los. Pronto! Na boa, acertei mais uma! Eu costumo desvendar crimes recorrendo à lógica elementar. Eu costumo desvendar crimes jogando no lixo as teorias conspiratórias. Eu costumo desvendar crimes prestando pouca atenção ao que noticia boa parte da imprensa — em especial quando a questão resvala na ideologia.

Não! O coronel Paulo Malhães, o torturador, não foi morto pela extrema-direita.

Não! O coronel Paulo Malhães não foi morto por ex-torturadores que tenham decidido se vingar dele.

Não! O coronel Paulo Malhães não é personagem das fantasias esquerdopotas e oligofrênicas — pesquisar no dicionário se for o caso — de gente que gosta de sentar em cima das evidências, noticiando delírios. Um rematado imbecil chegou a dizer que esse assassinato era parte da reorganização das forças de direita no país. Bando de vigaristas!

Já há confissão. O caseiro participou da gangue que invadiu o sítio — era o homem encapuzado. Tudo não passou de uma tentativa de roubar armas. No primeiro dia, escrevi neste blog o seguinte:
TRECHO TEXTO CORONEL
TRECHO TEXTO CORONEL

Quanto mais aumentava a histeria dos oligofrênicos, mais aumentava a minha convicção de que se tratava de crime comum. No dia 26, escrevi um post com este título:
morte do coronel morte do jornalismo
Em outros textos, perguntei qual era a hipótese da turma. Será que ex-torturadores na faixa dos 80 anos (os mais jovens, ainda sobreviventes) teriam feito um comando homicida? Para proteger quem? Era uma hipótese ridícula, veiculada por gente ridícula. Mas a imprensa não aprende. Mistificações em penca estão em curso, por exemplo, no caso do bailarino Douglas Rafael. No post a que me refiro, considerei aqui:
morte do coronel morte do jornalismo 2
O episódio emblemático do momento em que a imprensa decide se comportar como manada, sem pensar, se deu em fevereiro de 2009, quando a brasileira Paula Oliveira afirmou ter sido vítima de neonazistas da Suíça, que teriam desenhado com estilete em seu corpo a sigla de um partido de extrema-direita. Olhei as fotografias. Os desenhos eram regulares, feitos em alguém que estivesse imóvel. Uma das letras estava espelhada. Perguntei se aquilo era possível no escuro, com alguns brutamontes constrangendo a vítima. E aventei a possibilidade de que a história fosse falsa; de que Paula houvesse infligido os ferimentos em si mesma — ou, ao menos, aceitado que alguém o fizesse.

A imprensa ficou histérica. O Itamaraty acusou racismo. Os nacionalistas quase mandaram a Expedição Policarpo Quaresma invadir a Suíça. E eu apanhando dos idiotas porque não seria “brasileirista” o bastante…

A história era falsa.

Paula havia feito os ferimentos em si mesma.

Não tinha havido ataque nenhum!

Como eu sabia? Não tenho bola de cristal. Quem me contou foi a lógica.

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