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sexta-feira, 28 de março de 2014

Vai passar - Nivaldo Cordeiro

Hoje eu li a coluna do Pasquale Cipro Neto, na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/158415-quero-inventar-o-meu-proprio-pecado.shtml), exaltando a vitória das esquerdas contra o movimento cívico-militar de 1964. Tomou como mote a música Cálice, de Chico Buarque. Toda a esquerda, e o Pasquale também, exalta a suposta resistência como o prolegômeno da vitória política que se completou com a eleição de Lula e do PT.

O que me chamou a atenção é que essa música – um lamento para os malucos guerrilheiros encarcerados –, não apaga outras músicas que são verdadeiros cantos guerreiros e ânsia revolucionaria, uma exortação à ação letal contra o povo e o Estado. Peguemos outra música do Chico Buarque, Baioque, da mesma época, como exemplo.

As duas primeiras estrofes não dão margem a dúvida alguma. É uma ameaça, um estímulo à matança. A faca que já não corta estava mesmo na mão guerrilheira, não na mão dos militares. A desonestidade dos artistas engajados na propaganda revolucionária é total. Eles, os guerrilheiros, não foram atacados; a Nação, representada pelas Forças Armadas, é que se defendeu. Vejamos os versos:

“Quando eu canto, que se cuide quem não for meu irmão
O meu canto, punhalada, não conhece o perdão
Quando eu rio

Quando eu rio, rio seco como é seco o sertão
Meu sorriso é uma fenda escavada no chão
Quando eu choro”

Outra música de Chico Buarque convocando para a vingança é a notável Apesar de Você:

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro

Vejam que a promessa de vingança foi cumprida. Basta ler os jornais do dia, que anunciam que velhos militares retirados da ativa estão senso achincalhados, humilhados e colocados sob falsos julgamentos apenas para afirmar a vitória da guerrilha, agora pelas urnas.

“Quando chegar o o momento/esse meu sofrimento/vou cobrar com juros”. Estão cobrando também de outras formas. Na roubalheira; na incompetência; no escárnio contra os valores estabelecidos; no esforço cotidiano para construir o novo homem dos novo tempos.

O “amor” reprimido estava nas balas traiçoeiras dos guerrilheiros, que mataram um monte de gente inocente. Um canto de ódio.

A alegria de Pasquele Cipro Neto ao comentar a canção contrasta com o luto vivido pelas pessoas de bem. O ano de 1964 é para ser lembrado como marco da nacionalidade, que se impôs à potência estrangeira que se amigou com os nefandos guerrilheiros para exercer o seu poder por aqui. Agora a data está servindo para o escárnio dos mentirosos que chegaram ao poder.

Eu realmente espero que a alegria de Pasquale Cirpo Neto seja breve. A dele e as de seus companheiros revolucionários. Não creio que o pesadelo esquerdista que nos governa vá durar muito. São incompetentes demais, são gananciosos demais, são corruptos demais. Estão destruindo o Brasil.


Posso até dizer, com o Chico Buarque, que de novo vai passar na avenida um samba popular, não esse canto nefando do fim dos tempos.

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