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quinta-feira, 27 de março de 2014

Policiais civis do RJ cogitam greve na Copa caso governo não cumpra promessa

Categoria decide em abril se entra em estado de greve e vai aguardar reajuste até junho
 
Policiais Civis do Rio de Janeiro exigem que o governo cumpra sua promessa de atender às reivindicações salariais da categoria, e levantam a possibilidade de entrar em greve na Copa do Mundo. Em dezembro, o governador Sérgio Cabral anunciou para eles que o pedido de inclusão de uma das gratificações, o da Delegacia Legal, ao salário dos trabalhadores, seria anunciado neste mês de março. A Secretaria de Planejamento já havia inclusive apresentado um plano para esses pagamentos. Em reunião entre governo e categoria na semana passada, no entanto, o vice-governador Luiz Fernando de Souza, o Pezão, que assume o governo no próximo mês, disse que precisaria de tempo para pensar, e que daria um retorno sobre a comprovação do reajuste até junho.

A questão salarial da categoria é antiga, de acordo com Francisco Chao de la Torre, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol RJ). Como o salário é baixo, os servidores precisam contar com gratificações especiais que, em caso de licença médica, por exemplo, deixam de cair na conta do trabalhador. O que eles sugeriram para o governo era que uma dessas gratificações, a Delegacia Legal, com o valor de R$ 850, entrasse no vencimento de todos os policiais civis. A gratificação, que só seria totalmente inserida em um prazo de cinco anos, seria extinta com o tempo e o servidor não correria o risco de ver seu salário cair ao se aposentar, acidentar ou tirar uma licença maternidade.

Centenas de Policiais Civis realizaram uma assembleia de mobilização nesta segunda-feira (24) para debater a situação. No dia 29 de abril, o Sindipol-RJ vai promover outra, para decidir se a categoria entra em estado de greve. No último encontro, eles resolveram esperar até 30 de junho pelo reajuste salarial. Francisco reforça que espera um retorno positivo do governo antes do prazo.

"A sociedade quer uma polícia melhor, é delicado a gente discutir salário na esfera da segurança pública. O Rio viveu uma evasão de empresas, investimentos, que agora teve um retorno, mas até quando? A situação está delicada, ninguém ignora que existe, no mínimo, uma instabilidade. Ninguém quer retrocesso, independentemente da cor política do projeto, a gente quer avanço", declarou Francisco ao JB.

O porta-voz dos policiais civis ressalta que o salário dos delegados de polícia do Rio é o maior da federação, enquanto o dos agentes está na penúltima colocação nacional, de acordo com a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol). Francisco é inspetor de polícia de terceira classe, duas para chegar ao topo, tem 19 anos de polícia, e seu salário líquido é de R$ 4.500. Na aposentadoria, ele reforça, perderia metade disso, devido às gratificações que o governo oferece por fora.

"Somos 11 mil policiais civis na ativa. Pelo menos 30% têm tempo de profissão suficiente para se aposentar e não se aposenta, para não ter os salários reduzidos." Ele explica que são vários os patamares de gratificação. O Delegacia Legal, por exemplo, não favorece todos os policiais civis, apenas os que trabalham em locais que fazem parte do programa.

De acordo com Francisco, o secretário de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame tem sido o principal articulador das pautas da categoria, um "grande avalista da negociação salarial, que agiu altruisticamente".

Além da questão salarial, os policiais civis do Rio ainda se veem agora, acrescenta, com um aumento da demanda pelos seus serviços. Falam ainda das altas taxas de letalidade.

"Cabral determinou que o nosso pleito fosse atendido, a gratificação fosse dada, o Pezão nos pede tempo, até junho, prazo fatal para conceder aumento aos servidores, devido ao processo eleitoral. A gente sempre tenta construir uma estrada de mão dupla, a gente compreende as dificuldades do estado, mas também precisamos ser valorizados", complementa Francisco.

O JB entrou em contato com a assessoria de imprensa do governo do Rio, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria.

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