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sexta-feira, 21 de março de 2014

DOS ARQUIVOS DA REDENTORA

Por Gen Ex José Carlos Leite Filho – linsleite@supercabo.com.br

© Arquivo/Agência Estado

A Lei da Anistia é um exemplo da nobreza que deve existir entre os contrários, como aqueles brasileiros que se defrontaram nos idos de 1964. Vencedores e vencidos acordaram, de forma ampla e irrestrita, com o esquecimento da luta armada em benefício da pacificação nacional essencial ao crescimento e ao desenvolvimento do país. A ninguém restou o direito de levantar o véu que passou a encobrir os acontecimentos pretéritos.

Isso aconteceu em função de que até mesmo em uma guerra entre nações merecem respeito os que se enfrentaram e a história nos mostra que os grandes chefes militares não permanecem inimigos a vida inteira. Há entre eles uma relação de admiração.

Lamentavelmente, não é o que acontece no Brasil com a história mal contada pela esquerda, detentora de um comprometedor respaldo governamental, que maliciosamente despreza o contexto histórico e cria uma versão que denigre os militares e mais serve a inconfessados propósitos ideológicos. Dentre outros malabarismos históricos vê-se, diuturnamente, o falseamento da verdade na ânsia de identificar eventuais deslizes de conduta de parte dos vencedores e de taxá-los de desgraçados torturadores, em especial os do Exército. Exemplo típico de desonestidade intelectual.

Manter o silêncio nessa conjuntura mais pareceria covardia do que respeito ao preceito legal citado.  Como na guerra a melhor defesa é o ataque e a mentira incessantemente repetida ganha foros de verdade, vai daí a minha contribuição às comemorações do jubileu de ouro da Revolução de 1964, cognominada A REDENTORA, revolvendo o passado disposto a enfrentar os vilões detratores, mentirosos contumazes que têm a seu favor a força da mídia e do sistema nacional de ensino, trazendo à luz o seu modo de agir e assim desnudando a farsa hipocritamente por eles engendrada de “resgatar a memória e restabelecer a verdade histórica”.

Para tanto cito como exemplo a petulante confissão do covarde assassinato de um capitão do exército norte-americano - Charles Rodney Chandler - em São Paulo, nos idos de 1968, feita por um dos seus autores, Pedro Lobo de Oliveira:   “Chandler cruzou o portão e ganhou a calçada, ainda em marcha atrás. Antes que a carrinha (sic) alcançasse a rua, coloquei o Volks  de tal modo que bloqueava a passagem do veículo de Chandler pela sua parte traseira, impedindo-o de continuar a marcha. Nesse instante um dos meus companheiros saltou do Volks, revólver na mão, e disparou contra  Chandler. Quando soaram os primeiros disparos, Chandler deixou-se cair rapidamente para o lado esquerdo do banco. Evidentemente estava ferido. Mas eu, que estava extremamente atento a todos os seus movimentos, percebi que ele não tombara somente em conseqüência das feridas. Foi um ato instintivo de defesa, porquanto se moveu com muita rapidez. Quando o primeiro companheiro deixou de disparar, o outro se aproximou com a metralhadora INA e desferiu-lhe uma rajada. Foram 14 tiros. A 15ª bala não deflagrou e o mecanismo automático da metralhadora deixou de funcionar. Não havia necessidade de continuar disparando. Chandler já estava morto...”

“...Quando recebeu a rajada de metralhadora emitiu uma espécie de ronco, um estertor, e então demo-nos conta de que estava morto. Nesse momento eu lançava à rua os impressos que esclareciam ao povo brasileiro das nossas razões para eliminar Charles Chandler...  Os folhetos concluíam com as seguintes consignas: O dever de todo  o revolucionário é fazer a revolução! Criar dois, três, muitos Vietnames...” ( apud A Esquerda Armada no Brasil, de Antônio Caso- Moraes Editora-Ed. 1976-Lisboa/Portugal).

O capitão Chandler foi herói na guerra com o Vietnã e veio ao Brasil fazer o Curso de Sociologia e Política, na Fundação Álvares Penteado, em São Paulo. Em outubro  de 1968, foi condenado à morte por um “Tribunal Revolucionário” da subversiva Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) composto pelos dirigentes Pedro Lobo de Oliveira, Onofre Pinto, João Carlos Kfouri Quartin de Morais e Ladislau Dowbor, porque ele “seria um agente da CIA”. A sua morte aconteceu quando ele retirava seu carro da garagem para seguir para a Faculdade, tendo sido presenciada por sua esposa e seus três filhos.

Todos os criminosos citados foram indenizados com vultosas quantias e são considerados  “herois que lutavam pela democracia”. Era essa a forma usada pelos criminosos da esquerda revolucionária para desestabilizar o regime militar e tomar o poder, implantando uma ditadura do proletariado( apud A Verdade Sufocada – 8ª edição).

Talvez o silêncio imposto à caserna nas comemorações dos cinquenta anos da Redentora não contribua, pela sua unilateralidade, à pacificação nacional, mas certamente servirá para a sedimentação da mentira histórica em novas gerações e para uma permanência maior no poder.



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Publicado em “O Jornal de Hoje”, de 19/03/14 – Natal/RN

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