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segunda-feira, 11 de junho de 2018
153º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo - Ordem do Dia
Há exatos 153 anos, marinheiros
brasileiros foram instados ao árduo sacrifício do combate, uma vez que a
soberania da Pátria encontrava-se ameaçada. Na ocasião, a Marinha Imperial,
vocacionada a atuar em águas azuis de nosso imenso litoral, viu-se desafiada a
desdobramento em bacia fluvial, de difícil navegação, para a qual os meios
navais de maior porte se mostravam inadequados.
Ao alvorecer de onze de junho de
1865, a nossa Esquadra, fundeada no Rio Paraguai nas proximidades de
Corrientes, avistou os navios inimigos que, descendo o Rio, foram posicionar-se
próximo à foz do Arroio Riachuelo, em cujas barrancas também havia artilharia e
tropas adversárias. A força naval brasileira suspendeu em perseguição ao
inimigo, dando início ao feroz combate, que, em sua primeira fase, foi-nos
desfavorável: a Canhoneira “Parnaíba”, em encarniçada luta após ser abordada,
sofreu muitas avarias e perdeu grande parte de sua tripulação; a Corveta
“Jequitinhonha”, presa a um banco de areia, permaneceu sob intenso fogo das
baterias de terra; e a Corveta “Belmonte”, tomada por incêndio e com 37 rombos
em seu casco, encalhou para não afundar.
Em tais circunstâncias,
adquiriram grande protagonismo os atributos de valor e coragem dos combatentes
dos dois lados em conflito, jovens heróis que, como Greenhalgh e Marcílio Dias,
sacrificaram suas vidas naquele embate cruento. Virtudes de patriotismo,
superação, comprometimento e abnegação tornaram-se os atores principais na
batalha cuja vitória, fruto da competência e arrebatamento do Almirante Barroso,
mostrou-se decisiva para os rumos que a guerra veio a tomar.
No decorrer do combate, Barroso,
embarcado na legendária Fragata “Amazonas”, içou sucessivos sinais que guiaram
e insuflaram os comandantes dos navios e suas tripulações. Hoje, a memória
desses sinais nos incute força e inspiração para fazer frente aos difíceis
desafios que a Nação enfrenta.
O primeiro - “Preparar para o
combate!” - disseminado instantes antes do eclodir da sangrenta refrega, serve
agora para alertar-nos da importância da manutenção de adequado Poder Naval
desde os tempos de paz, pois, quando formos chamados à ação, não haverá tempo
para preparação ou espaço para a improvisação.
No contexto atual de ausência de
ameaças percebidas, não podemos nos deixar seduzir pela crença na perenidade da
paz. Lembremo-nos que, quando a fatalidade da guerra nos atingir, os mesmos que
hoje relegam a segurança externa e criticam os gastos militares serão
implacáveis na cobrança de êxitos e no julgamento de eventuais fracassos
decorrentes da falta de aprestamento.
O segundo - “O Brasil espera que
cada um cumpra o seu dever!” - traduz o compromisso de cada brasileiro de
ontem, de hoje e das gerações futuras com um País capaz de atender as legítimas
aspirações de seu povo. Somente uma conduta irrepreensível, refletida nas
pequenas atitudes cotidianas e no maduro acatamento do conjunto de princípios e
valores morais que nos governam, será capaz de criar uma sociedade harmônica e
ordeira, com a qual todos sonhamos.
“Cerrar sobre o inimigo e atacar
o mais próximo possível!”, bem representa a coragem e a determinação de vencer
e de jamais vacilar na defesa dos interesses maiores da Nação. O destemor ao
enfrentar os problemas e adversidades, por maiores que sejam, deve estar
incutido em cada um de nós.
Por fim, “Sustentar o fogo, que a
vitória é nossa!”, sinal que fortaleceu o ânimo dos combatentes à época,
impregna-nos hoje do sentimento de vibração e resiliência e leva-nos a redobrar
os esforços na construção de um futuro belo e digno para o Brasil.
Nesses tempos incertos e
nebulosos, a Pátria navega em mar encapelado, hesitando na busca de um rumo que
nos traga maior estabilidade interna e um mínimo de coesão em torno dos grandes
objetivos de desenvolvimento econômico e social.
A Marinha tem fundamental
contribuição a dar para superar a crise que se abate sobre a Nação, a exemplo
do que fizeram aqueles heróis de Riachuelo. Somos uma sólida Instituição,
presente em todos os marcantes momentos da história do Brasil, forjada nos mais
caros valores de nossa civilização, com acentuado espírito nacional e com
atuação pautada nos preceitos constitucionais, fiel aos pilares da hierarquia e
disciplina.
Atuamos nos mais longínquos
rincões deste imenso território, muitas vezes sendo os únicos representantes do
Estado para milhares de brasileiros. Executamos nossas tarefas principais e
subsidiárias com grande entusiasmo, mesmo quando à custa de grande sacrifício
pessoal e familiar.
Meus comandados, após o exitoso
desfecho de Riachuelo, o Almirante Tamandaré, Comandante em Chefe da Força
Naval em Operações na Guerra da Tríplice Aliança, assim escreveu ao Almirante
Barroso: “O Governo Imperial e a Nação inteira devem a Vossa Excelência perenal
reconhecimento, e eu, por minha parte, sinto-me possuído de orgulho por ter a
honra de comandar chefes, oficiais, marinheiros e soldados tão bravos e
dedicados à causa nacional.” Essa mensagem de nosso Patrono não poderia ser
mais atual e expressar melhor os meus sentimentos, como seu Comandante, em
fazer parte deste maravilhoso e invicto barco chamado Marinha do Brasil.
Agradeço a todos que o guarnecem, militares e civis, homens e mulheres, por tão
bem desempenharem suas obrigações e engrandecerem, de forma irretocável, a
imagem da Instituição.
Assim, nesta Data Magna, é meu
dever lembrar e prestar honras aos nossos Marinheiros e Fuzileiros Navais que
padeceram em ação no dia onze de junho de 1865, bem como aos que deram suas
vidas pelo País em tantas outras batalhas e nas Campanhas do Atlântico. O fogo
sagrado desses brasileiros, juntamente com sua bravura e determinação, forjou a
alma de nossa Marinha, permanecendo vivo dentro de cada um de nós. Que seus
exemplos inspirem os nobres agraciados com a Ordem do Mérito Naval, aos quais
publicamente cumprimento pela comenda. Enverguem-na com muito orgulho! As
tradições de nossa Força bem representam a bela história do País.
Viva a Marinha! Tudo pela Pátria!
EDUARDO BACELLAR LEAL FERREIRA
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha