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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

GOVERNO BASTARDO


Revirei meus arquivos. Revisei a história. Puxei pela memória. Nada. Busquei inutilmente um exemplo em que a comunicação do governo e as manifestações de lideranças petistas não tivessem como objetivo enganar a nação, falsificar a verdade, criar ilusão, manipular fatos, dissimular males praticados, induzir a opinião pública a erros de julgamento, soterrar em publicidade as própria faltas. Pergunto: o que motivou os crimes contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, senão o desejo de esconder a realidade e falsear as contas públicas, sob o nome original de "contabilidade criativa"?

Concluí: líderes petistas só dizem a verdade em delações premiadas.

Fiz mais. Debrucei-me sobre o estouro das contas públicas. Examinei os números das eleições presidenciais de 2014. Abri o arquivo dos escândalos e escrutinei a lista das fortunas, expandidas com a velocidade daqueles automóveis que aceleram de 0 a 100 km/h em poucos segundos. Constatei, também, que menos de 10% da população aprova o governo Dilma, ao passo que 38% dos deputados votaram por uma Comissão de Impeachment governista. Perderam, mas fizeram muito voto!

Concluí: o governo não vence nas urnas nem nas votações do Congresso Nacional sem, de alguma forma, comprar votos.

Este governo é filho da mentira. Elegeu-se mentindo. Nas palavras de Lula: "ganhamos as eleições, sabe, com um discurso e, depois das eleições, sabe, nós tivemos que mudar o nosso discurso e fazer aquilo que nós dizíamos que não íamos fazer". Muita conversa, Lula, para substituir a palavra "mentimos". Bastaria essa corrupção fundamental, a corrupção da verdade durante a campanha eleitoral, para mostrar quão pouco respeito merece um mandato tão mal parido. Bastaria isso para que o governo inteiro e seus apoiadores cruzassem pelos cidadãos, nas ruas, nos restaurantes, nos aeroportos, de olhos baixos, envergonhados. No entanto, - fato previsível sob tais condições morais - o governo tornou-se, também, centro de uma organização criminosa imensa em vulto. E várias vezes bilionária em resultados. Poucos anos bastaram para levar da pobreza à abastança uma plêiade de companheiros.

Concluí: a mentira é o primeiro degrau da corrupção. É corrupção da verdade. Daí ao roubo dos fundos de um banco, ou de uma petroleira, é questão de tempo e oportunidade.

Lênin, Goebbels e outros ensinaram (e todos que precisam saber sabem): a mentira insistentemente repetida fica suficientemente parecida com a verdade. Por isso, quando os petistas passam, em coro, a repetir algo de um modo exaustivo, alerte-se, leitor: a verdade deve ser buscada no inverso da afirmação. Nestes dias, a palavra golpe aparece duas vezes em cada frase proferida por um defensor do governo. Logo, eles sabem que impeachment não é golpe. E sabem isso melhor do que qualquer signatário de algumas das dezenas de requerimentos de impeachment que foram protocolados na Câmara dos Deputados ao longo deste ano, pelo simples motivo de que ou foram mentores, ou conhecem bem a natureza dos atos praticados pela presidente.

Golpe foi quebrar o país. Golpe foi tentar fazer de Eduardo Cunha uma espécie de dono do impeachment. Logo ele, que sentou durante meses sobre os requerimentos apresentados pela sociedade. Logo ele que nunca disse palavra que fosse, a favor de tais iniciativas. Logo ele que com sua atitude passiva desestimulou a mobilização popular. Golpe é, também, tentar mudar o rito do impeachment depois de iniciado o processo.

Mesmo assim, parido na mentira, o governo repete, como se adestram cães - golpe, golpe, golpe! E não falta matilha para abanar o rabo.



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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

“Esquenta” surpreende e leva muitos milhares às ruas país afora; “Big One” está marcado para o dia 13 de março


Datafolha fala em 40.300 manifestantes na Paulista; consideradas as 100 cidades, protestos quase improvisados podem ter reunido até 100 mil pessoas.

Segundo o Datafolha, São Paulo reuniu 40.300 manifestantes. Acho que foi mais. Mas não vou pôr a minha impressão para disputar com os critérios que o instituto atesta como científicos. Contento-me com os 40 mil de São Paulo. Somadas as 100 cidades que assistiram a manifestações, a coisa deve roçar, então, os 80 mil, 90 mil, 100 mil talvez.

Os esquerdistas, que escolheram São Paulo para o protesto de quarta, e só São Paulo, dizem esperar “50 mil” no que pretendem que seja, como é mesmo?, “a maior manifestação da esquerda contemporânea”. E olhem que a máquina oficial está por trás da mobilização, como se sabe.

Membros do MBL e do Vem Pra Rua se surpreenderam com a presença. Tiveram pouco mais de uma semana para mobilizar as pessoas. Mesmo assim, houve protestos em 22 capitais mais Distrito Federal, além de muitas outras cidades — num total de cem.

Isso indica a capilaridade desses movimentos e sua capacidade de mobilização, que hoje intrigam as esquerdas. Ela tentam entender como é que movimentos que não aparelham a sociedade, que não contam com farto financiamento oficial, que não dispõem de militância paga conseguem ser tão efetivos. As esquerdas ainda não entenderam que a sociedade brasileira se dá conta de que está sendo roubada por um súcia.

Big One

A manifestação de hoje marca a retomada das mobilizações populares em favor do impeachment. O grande ato está com data marcada: 13 de março de 2016. Aí, sim, se o governo quiser — bem como o jornalismo do nariz marrom —, comparações com atos passados farão algum sentido.

A delinquência intelectual oficial pôs para circular a versão de que a suposta menor adesão de hoje se deve a uma reação negativa da população à oposição. É uma estupidez. O ato deste domingo não tem relação nenhuma com a oposição, a exemplo dos anteriores. Foi convocado pelos movimentos.

Outra coisa: num domingo, vai ao protesto quem quer… ia ao protesto! As esquerdas vigaristas costumam marcar manifestações em dia útil porque pretendem contar as vítimas de suas arruaças como manifestantes.

Renan quer mudar regra do Impeachment aos 45 minutos do segundo tempo

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Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO) criticou a postura do presidente do Parlamento, Renan Calheiros (PMDB-AL), que apresentou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo interpretação alternativa ao processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado.

“O trâmite já foi aplicado de forma constitucional não pode ser alterado de acordo com o que pensa o PT e o governo. Isso é tapetão, enfraquece as instituições. Quer mudar a regra aos 45′ do 2º tempo? Cada Casa tem uma função. Se fosse assim, seria votação do Congresso? Daqui a pouco a Câmara vai se achar no direito de julgar o mérito? Acredito que o STF não vá concordar com essa tese esdrúxula”, afirmou o democrata.

Para Caiado, o presidente do Senado age como “líder do Governo” ao tentar modificar o rito do impeachment como forma de salvar a presidente Dilma de um afastamento inevitável. Ele alega que a Constituição é clara ao determinar o afastamento pela Câmara como forma de impedir que um presidente da República uso o cargo para interferir no julgamento.

“Renan não pode usurpar prerrogativas da Câmara nem atuar como líder do Governo. O afastamento é uma precaução para que Dilma não use o cargo para atrapalhar e interferir no julgamento do Senado. Se enquanto se discute a admissibilidade ela continua a usar o Palácio para interferir e o Brasil parado, imagine se isso ocorrer?”, questionou.

Último moicano

A estratégia do Palácio do Planalto para sufocar o processo de impeachment de Dilma Rousseff é simultaneamente equivocada e absurda, pois coloca o PMDB, maior partido da base aliada, cada vez mais contra um governo corrupto e paralisado que esfarela no rastro da incompetência dos seus integrantes.

O último bastião de Dilma no Senado continua sendo o alagoano Renan Calheiros, que ainda alimenta esperança de se safar da investigação que tramita no STF no âmbito da Operação Lava-Jato. Renan, que espera um movimento palaciano para escapar da lama do Petrolão, ignora a pressão da opinião pública, que deve aumentar nos próximos dias.


A presidente da República, truculenta e estabanada, quer a qualquer preço salvar o próprio mandato, mas tem adotado medidas obtusas nesse sentido. No momento em que coloca Ciro Gomes contra o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), a presidente, que peca em suas avaliações políticas, perde o apoio da bancada do partido no Senado, onde, por enquanto, pode contar apenas com Renan. E como se sabe, uma andorinha não faz verão.