Por Políbio Braga
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sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Impeachment: Oposição aposta que Cunha atira antes de cair
O novo pedido de impeachment de Dilma já está nas mãos de
Eduardo Cunha. A oposição acredita que ele vai enrolar alguns meses mas, quando
cair, cairá atirando.
Desemprego em setembro é o maior desde 2009
A estabilidade do desemprego, de agosto para setembro, pode
ser vista como uma notícia positiva. Pelo menos parou de piorar. Mas também não
é motivo para comemoração. Normalmente, setembro ainda é uma fase de melhora do
emprego, porque a indústria está se preparando para o movimento maior de final
de ano.
Agora, não. Houve estabilidade em relação ao mês anterior,
mas com avanço forte do desemprego em relação a setembro do ano passado, quando
a taxa estava em 4,9%. E foi a pior taxa para o mês desde 2009, ano em que o
Brasil sentiu os reflexos mais fortes da crise internacional. Há uma clara
piora do mercado de trabalho. A informalidade voltou a crescer.
O aumento das demissões tem levado muita gente a trabalhar
por conta própria, a se virar como pode. E ainda tem a queda do rendimento
médio, que foi de 4,3% na comparação anual. Setembro contra setembro teve uma
redução de 6% da massa salarial. Isso é péssimo do ponto de vista da economia.
Reforça o ciclo negativo. Menos renda e emprego, derrubam mais o consumo e a
atividade, o que tende a reforçar o desemprego.
No final do ano isso pode não ficar muito perceptível,
porque tem as contratações temporárias, que, aliás, agora em 2015 devem ser bem
menores, com a previsão de vendas mais fracas, mas vão ajudar. E muitos
trabalhadores que perdem o emprego acabam adiando a busca por uma nova vaga
para o começo do ano. Aí é que devemos ter um avanço mais forte do
desemprego... no começo de 2016.
Não dá pra esperar nada muito melhor. Este ano vai fechar
com recessão por volta de 3% e a previsão de retração da economia, no ano que
vem, já é de mais de 1,2%. As perspectivas continuam muito ruins. Desemprego,
inflação alta, juros nas alturas... apesar de o Banco Central ter parado de
aumentar a taxa básica. O dólar deve encarecer os importados, o que também
desestimula o consumo. E ainda tem a crise política, dificultando mais o
planejamento das empresas.
Não temos apenas uma crise na economia a ser administrada.
Há muitos impasses do lado político que barram, inclusive, as estratégias do
governo pra tirar o País da crise. Sendo que o desequilíbrio das contas
públicas pode levar o governo a adotar medidas que, de imediato, só prejudicam
mais o desempenho da economia, como o aumento de impostos, o corte de
investimentos e de repasses para programas sociais. Com um cenário desses, o
desemprego não ter aumentado, de um mês pra outro, pode ser visto mesmo como
uma boa notícia.