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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Fatiamento? O nome certo é trapaça


Sempre que craques da Justiça ameaçam golear campeões da bandidagem, juízes do Supremo Tribunal Federal arranjam algum pretexto para atrapalhar atacantes cujo esquema tático é tão singelo quanto eficaz: aplicar a lei. Foi assim no julgamento do mensalão: os delinquentes estavam a um passo da prisão em regime fechado quando o STF exumou um certo “embargo infringente”.

O palavrão em juridiquês reduziu crime hediondo a contravenção de aprendiz, transformou culpado em inocente e acabou parindo duas brasileirices obscenas: a quadrilha sem chefe e o bando formado por bandidos que agem individualmente, nunca em grupo. Agora incomodado com o desempenho exemplar do juiz Sérgio Moro, dos procuradores federais e dos policiais engajados na Operação Lava Jato, o Supremo inventou o que a imprensa anda chamando de “fatiamento” do escândalo.

Fatiamento coisa nenhuma. O nome certo é trapaça.

Quase um milhão de empregos formais perdidos



A semana até parece que terminou mais calminha, depois do pânico de ontem no mercado financeiro, quando o dólar e as taxas de juros subiam sem parar até que tomaram um sossega-leão dado pelo governo. O dólar e os juros voltaram para um nível ainda altíssimo, mas não mais terrivelmente altíssimos.

Mas isso foi apenas um tranquilizante para uma crise aguda de loucura no mercado. Os motivos para que a coisa continue a dar errado continuam. Baixou a febre, não acabou a doença.

Hoje, o vice-presidente Michel Temer disse a executivos de empresas de varejo que a volta da CPMF dificilmente vai passar no Congresso. Sem o dinheiro da CPMF, o governo por ora não tem como tapar o rombo nas suas contas. Sem tapar o rombo, juros e dólar vão continuar a subir, talvez não tão rápido como nesta semana. Mas vão.

Com dólar mais alto, vem mais inflação. Com juros mais altos, o crédito para empresa desaparece cada vez mais. Assim, a recessão fica mais e mais profunda. Recessão quer dizer que empresas não investem e demitem. Demitem cada vez mais.

Hoje, a gente soube que o número de pessoas empregadas com carteira assinada caiu quase um milhão, nos últimos 12 meses. Neste ano inteiro de 2015, o país deve perder mais de um milhão de empregos formais. Faz oito meses, o salário médio dos novos contratados perde da inflação. Quer dizer, quem arruma emprego, ganha menos.

Enquanto o governo não der um jeito de cortar gastos, a data do fim da crise continua nebulosa. Por ora, as previsões são de que o ano que vem ainda será de recessão: a economia encolhe e o DESemprego aumenta.

Poderíamos ter até uma recessão menor no ano que vem. Este ano está perdido, mas 2016, não necessariamente. O problema é que o governo está perdido, sem rumo, sem apoio nem para aprovar os planos mais modestos. Está ficando repetitivo dizer essa coisa horrível, mas, por enquanto, a possibilidade maior é de que as coisas apenas piorem.

Dólar volta a ser negociado abaixo dos R$ 4,00



Ninguém imaginava, mas o dólar voltou a ser negociado abaixo dos R$ 4,00. Isso foi reflexo principalmente de uma nova postura do Banco Central, em particular do presidente da instituição Alexandre Tombini que apareceu repentinamente em meio a uma coletiva para tratar de outro assunto e começou a passar recados para o mercado financeiro. Veja quais foram as declarações de Tombine com a comentarista de economia da Jovem Pan, Denise Campos de Toledo e as consequências.

A semana em que a Lava Jato balançou mas não precisa cair



O diretor de redação do site de VEJA, Carlos Graieb, analisa a decisão do Supremo Tribunal Federal de fatiar a Operação Lava Jato e comenta também a cotação recorde que o dólar atingiu.