Por Políbio Braga
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sexta-feira, 10 de outubro de 2014
A CASA CAIU
Por Percival Puggina
Sabe aqueles vídeos anunciados como contendo "cenas
muitos fortes", tipo "tire as crianças de perto"? É com iguais
cautelas que se deveriam abrir as matérias referentes às revelações feitas
pelos dois mais famosos depoentes das últimas semanas, o doleiro Alberto Youssef
e o engenheiro Paulo Roberto Costa.
Quem se tenha dado ao trabalho de escutar o teor dos
depoimentos deste último, disponível no YouTube, ouvirá dele que em três
partidos políticos com sólida presença no Governo Federal e no Congresso
Nacional se estruturaram organizações criminosas. Não que ele assim as
qualifique. Não, em seu relato, Paulo Roberto Costa, o "Paulinho" de
Lula, simplesmente entrega o serviço, contando, em tom monocórdio, como eram
feitos os acertos e a repartição do botim das comissões entre o PT, o PMDB e o
PP. Não preciso dizer qual dos três ficava com a parte do leão.
Este escândalo, tudo indica, transforma Marcos Valério em
mero pivete e o Mensalão em coisa de amadores. No entorno da Petrobras circula
tanto dinheiro quanto petróleo. E foi muito fácil aos profissionais da
corrupção abastecer desses tanques contas bancárias que saíam - lavadas,
passadas e empacotadas - da lavanderia de Youssef.
Vários anos decorrerão entre os achados de agora e o
trânsito em julgado de quaisquer sentenças condenatórias. Isso significa que,
muito embora os crimes em questão tenham sido praticados num ambiente político,
seus efeitos eleitorais serão jogados para bem depois do pleito que agora se
desenrola. Nós, cidadãos, devemos lamentar que seja assim. No entanto, se não
temos como saber mais sobre os fatos e seus atores, podemos e devemos levar em
conta a dança das cadeiras nos tribunais superiores em geral e no Supremo
Tribunal Federal em particular. Será certamente ali, outra vez, que serão
tomadas as decisões mais relevantes sobre estes casos.
O STF continuará se renovando e promovendo alterações na
composição de seu quorum por aposentadoria dos atuais ministros. E aí se impõe
a reflexão que quero trazer ao leitor destas linhas. As últimas indicações do
governo petista para o STF têm deixado a desejar. Portanto, ainda que o
julgamento definitivo vá ocorrer lá adiante, a continuidade da atual
administração federal não atende aos anseios nacionais por justiça e combate à
corrupção. É o que a história recente parece deixar bem claro.
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Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões,
integrante do grupo Pensar+.