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Na paisagem eleitoral, falta o porta-voz dos indignados com os fora da lei no poder


Dilma Rousseff perde o sono em dia de pesquisa e perde o controle dos nervosos em noite de debate. É compreensível que se apavore ao imaginar-se conversando com um jornalista independente. Ao escapar do encontro com o excelente William Waack, a fugitiva do Jornal da Globo poupou o cérebro baldio do colapso que seria inevitavelmente consumado pelas perguntas que aguardavam a entrevistada. Confiram: 
  1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?
  2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?
  3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?
  4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?
  5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de quinze anos. Por quê?
  6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

O que há com Aécio Neves que até agora não formulou nenhuma dessas perguntas ─ claras, concisas e contundentes ─ em debates na TV ou no horário eleitoral? O que espera o terceiro colocado nas pesquisas (e em quda) para acrescentar à sequência de interrogações dezenas de outras amparadas no colosso de casos de polícia protagonizados pelo governo em decomposição? Por que não força a candidata à reeleição a afundar agarrada a respostas bisonhas e álibis mambembes? Para continuar sonhando com o segundo turno, Aécio deve gastar muito mais chumbo com a presidente sem rumo do que com Marina.  É Dilma a concorrente a ser batida.

A onda cavalgada por Marina parece exibir força e fôlego suficientes para alcançar a praia do Planalto. É na onda antipetista, de dimensões igualmente impressionantes, que Aécio Neves talvez consiga surfar. Aí reside a chance derradeira. O PT está cada vez mais grisalho e enrugado. Sumiu o Lula que instalava postes em qualquer gabinete. Quase todos os companheiros candidatos a governador estão mal no retrato. Alguns resfolegam na zona do rebaixamento. Em São Paulo, por exemplo, Alexandre Padilha, produzido e dirigido pelo chefe supremo, nem chegou aos dois dígitos.

Até agora, os milhões de indignados com os fora da lei no poder não têm porta-voz na temporada de caça ao voto. Nenhum candidato à Presidência ou a governos estaduais traduz o que vai pela mente e pela alma dos  humilhados e ofendidos por 12 anos de corrupção, descaramento, cinismo, inépcia, parcerias obscenas, cafajestagem, arrogância, agressões à liberdade e ao Estado Democrático de Direito, fora o resto.


Na paisagem eleitoral, falta o candidato da indignação. Talvez haja tempo para que Aécio Neves se transforme no que desde sempre deveria ter sido e não foi.

Suplicy pagou passagem da namorada com dinheiro público, mas na campanha fala de honestidade


(Foto: Ucho Haddad)
(Foto: Ucho Haddad)
Face lenhosa – No Brasil, assim como em inúmeras partes do planeta, a política é o eterno exercício da mentira. Até porque, nove entre dez políticos creem na teoria esdrúxula de Joseph Goebbels, chefe da propaganda nazista, de que uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade.

Considerado pelo Partido dos Trabalhadores como um “aloprado” útil, que entra em cena quando a legenda enfrenta dificuldades enquanto permanece na mira dos adversários, Eduardo Suplicy, ao contrário do que diziam os “companheiros”, conseguiu legenda para tentar novo mandato no Senado Federal.

Suplicy protagonizou espetáculos pífios no Senado, como suas cantorias bizarras e a cueca vermelha que vestiu sobre a calça a pedido de Sabrina Sato, que à época integrava a equipe do humorístico “Pânico Na TV”. É verdade que o Senado da República já viveu dias melhores, principalmente nos quesitos conhecimento e capacidade dos parlamentares, mas é preciso que um senador, por mais imbecil que seja, saiba a importância da Câmara Alta no processo político e democrático. Mesmo que o rolo compressor do Palácio do Planalto seja acionado com frequência.

Na circense campanha que faz em São Paulo, na tentativa de cabalar votos entre os eleitores paulistas, Eduardo Suplicy é o segundo colocado nas pesquisas, atrás apenas do tucano José Serra, que deve conquistar a única vaga paulista no Senado que está em disputa.

Para convencer seu eleitorado, Suplicy adotou a estratégia de “vender” aos incautos sua honestidade. Tanto é assim, que seu material de campanha insiste em destacar a ética e o respeito que o senador petista devota ao dinheiro público.

É fato que cada um acredita naquilo que lhe convier, mas não se pode ignorar a realidade dos fatos, até porque honestidade na seara política é mercadoria raríssima. Apenas para desmontar o discurso oportunista de Suplicy, o senador usou parte da verba de seu gabinete para levar sua namorada a Paris. Descoberto, Eduardo Suplicy exibiu sua conhecida expressão de sonso e disse que devolveria o dinheiro aos cofres do Senado.

A devolução do dinheiro surrupiado do bolso do contribuinte não ilide o crime. É o mesmo que matar alguém a facada e diante da constatação do crime querer minimizar o estrago retirando a faca cravada no cadáver. Na ocasião, Suplicy alegou que desconhecia a proibição do uso do dinheiro público para tal fim.


Ora, se um senador da República desconhece as regras básicas da vida pública, começando pela moralidade, que deixe o cargo para quem sabe o que isso significa. A grande questão é como encontrar alguém no Brasil que saiba o significado de moralidade, uma vez que a extensa maioria dos políticos faz na vida pública aquilo que diariamente faz na privada.

Dilma acusa Marina de ser igualzinha a Fernando Collor, que disputa a reeleição para o Senado com o apoio da acusadora


Depois de avisar que só é possível presidir o Brasil com o apoio da maioria do Congresso, o programa de Dilma Rousseff no horário eleitoral desta terça-feira descambou para o terrorismo de chanchada. A coligação que apoia Marina Silva, vaticinou o locutor, não conseguirá eleger uma bancada parlamentar suficientemente numerosa para garantir a aprovação dos planos e projetos do governo. Assim, a candidata do PSB pode até chegar à Presidência. Mas não chegará ao fim do mandato.


Especialista em mensagens oblíquas, o marqueteiro João Santana evocou dois exemplos para dar à conversa fiada ares de aula de  História e associar Marina Silva a um napoleão de hospício e a um colecionador de falcatruas. Segundo a peça eleitoreira, foi a falta de sustentação parlamentar que provocou tanto a renúncia de Jânio Quadros quanto o impeachment de Fernando Collor. Como atesta o vídeo, o primeiro apareceu com nome, sobrenome e fotografia. O segundo não deu as caras na tela.

O comercial do PT limitou-se a reproduzir a primeira página da Folha que noticia o desfecho da crise de 1992:  Vitória da Democracia: IMPEACHMENT!  Quem foi vencido pela democracia? Cadê o nome e a foto da vítima do impeachment? A resposta para as omissões escandalosas está na foto abaixo. Dilma e Collor hoje são bons amigos. Senador por Alagoas, o aventureiro despejado do Planalto pelo impeachment disputa a reeleição com o apoio ostensivo da presidente da República.

Resumo da ópera bufa: Dilma acusou Marina de ser igualzinha ao pecador que gostaria de manter no Senado. A esperteza vai acabar em tiro no pé. Mais um.


collor - dilma

Comissão da Verdadeira História: Sequestro do embaixador americano



Participaram da ação: Franklin de Souza Martins (Waldir) - DI/GB; Cid Queiroz Benjamin (Vitor) - DI/GB; Fernando Paulo Nagle Gabeira (Honório) - DI/GB; Cláudio Torres da Silva (Pedro) - DI/GB; Sérgio Rubens de Araújo Torres (Rui ou Gusmão) - DI/GB; Antônio de Freitas Silva (Baiano) - DI/GB; Joaquim Câmara Ferreira (Toledo) - ALN; Virgílio Gomes da Silva (Jonas) - ALN; Manoel Cyrillo de Oliveira Netto (Sérgio) - ALN; Paulo de Tarso Venceslau (Geraldo) - ALN; Helena Bocayuva Khair (Mariana) - MR-8; Vera Silvia Araújo de Magalhães (Marta ou Dadá) - MR-8; João Lopes Salgado (Dino) - MR-8; José Sebastião Rios de Moura (Aníbal) - MR-8.


Defesa avalia reprimenda a Comandante Militar do Sul por incitar tropas a derrotarem “inimigos internos”

 
Perto de ser tirada do poder, a comandanta-em-chefa Dilma Rousseff sofreu a primeira demonstração pública de descontentamento com a situação nacional feita por um Oficial General de quatro estrelas, em serviço ativo, e no comando de um dos mais importantes cargos do nosso Exército. O Comandante Militar do Sul, General de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, aproveitou um comentário no final da ordem do Dia do Comandante do Exército em 25 de agosto (Dia do Soldado), em Porto Alegre, para mandar um recado:

"Eu não poderia deixar de complementar a Ordem do Dia do Exmo Sr. Gen Peri. Dirijo-me aos meus Oficiais, Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados, da ativa e da reserva. Ainda temos muitos inimigos internos que impedem o nosso caminho rumo ao progresso e à democracia. Mas se enganam aqueles que nos imaginam desprevenidos ou     despreparados. ELES QUE VENHAM!". No que a tropa, devidamente treinada, respondeu de bate pronto: "SERÃO DERROTADOS".

O recado militar ganha repercussão, circulando nos e-mails de generais da ativa e da reserva, com o título “Atenção à manobra”. As palavras do General Mourão foram ouvidas, na solenidade, pelo Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, General de Exército De Nardi. Desde ontem, no Ministério da Defesa, já se especula sobre uma “reprimenda ao General crítico” que o ministro Celso Amorim encomendaria ao Comandante do Exército, General Enzo Peri. No Palácio do Planalto, a recomendação é não colocar lenha no episódio para não fomentar o ambiente para uma crise militar em final de governo.

A mensagem do General Mourão foi interpretada como uma advertência direta à Comissão da Verdade e ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pela recente manifestação em defesa de uma reinterpretação, na prática, da Lei de Anistia de 1979, para adequá-la aos tratados internacionais do Brasil sobre direitos humanos. O jogral do General, mandando os inimigos virem, com a tropa respondendo que serão derrotados é uma prova direta da desmoralização final do governo do PT.

Em conversas reservadas, os militares já se preocupam, seriamente, com o novo governo que se desenha pela via da indução das pesquisas eleitorais. Nas Forças Armadas, uma eventual vitória de Marina Silva é vista como “um grande atraso, um retrocesso institucional” – na visão de vários oficiais generais da ativa. Mesmo que Marina, cautelosamente, já tenha repetido em entrevistas que não mexerá na Lei de Anistia, os militares a consideram “uma incógnita radical que pode acelerar a marcha do Brasil a uma hegemonia de esquerda autoritária e populista, pela via de conselhos populares e grupos de protesto organizados”.

No meio militar, a previsão é de um ano de 2015 com “crises de vários tipos”.

Done for you

O economista chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, e o economista Caio Megale, assinam um paper a investidores internacionais, em inglês, advertindo que a “estratégia do comitê de política monetária do Banco Central do Brasil não contempla uma redução da taxa selic em um futuro próximo:

“No entanto, a inflação perto do limite superior da meta, aumentos adicionais dos preços administrados previstos para 2014 e 2015 e uma depreciação provável do real nos próximos trimestres parecem não deixar espaço para uma menor taxa de juros no futuro próximo, em nosso ponto de vista. Assim, mantemos o nosso apelo de que a taxa Selic será mantida em 11% até o final de 2015”.

O recado parece feito para você, investidor de fora, que deseja continuar faturando alto com os juros no Brasil...

Desgraça dos juros

O vice-presidente do Sinditêxtil-SP (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo), Francisco José Ferraroli dos Santos, acredita que, após o péssimo resultado do PIB, com recessão técnica, e o aumento da inflação, não há mais espaço para a utilização da política de juros altos, que foi mantida ontem pelo Copom do BC do B:

“Os juros altos são um remédio inútil contra a inflação, além de contribuírem para o enfraquecimento da economia nacional. Outros fatores agravantes desta situação são os impostos e taxas demasiadamente onerosos, inclusive incidentes sobre investimentos e folha de pagamentos; os fretes, cada vez mais atrasados e caros, majorados pela precariedade dos transportes e a burocracia exacerbada. Precisamos definir estratégias de longo prazo, desonerar efetivamente a produção, remover o controle artificial da inflação e oferecer ao mercado um cenário claro e transparente para estimular os investimentos produtivos”.

O triste é que nenhum dos candidatos à Presidência deixa clara a intenção de baixar os juros e mexer com rentabilidade dos bancos – grandes gargalos para a economia brasileira voltar a ser viável e produtiva para quem trabalha e investe...

Propaganda sem graça

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu, na sessão desta quarta-feira, multar a presidente da Petrobras, Graça Foster, em R$ 212 mil, por propaganda veiculada pela estatal de economia mista dentro do período vedado pela lei eleitoral e com caráter eleitoral.

Graça Foster vai recorrer da decisão ao próprio TSE, com embargos declaratórios, contra a punição pela publicidade da Petrobras que tinha o seguinte texto:

"A gente faz tudo para evoluir sempre. Por isso, modernizamos nossas refinarias e hoje estamos fazendo uma gasolina com menos teor de enxofre. Um combustível com padrão internacional que já está nos postos do Brasil inteiro. Para levar o melhor para quem conta com a gente todos os dias: você".

Novidade

A multa máxima de 100 mil Ufirs foi aplicada à pessoa física da presidente da estatal e não à Petrobras.

Os ministros Luiz Fux, João Otávio Noronha e o presidente do TSE, Dias Tóffoli, concordaram com Gilmar Mendes que era preciso elevar o valor da multa, para que tivesse um “efeito educativo”.

Os ministros Admar Gonzaga, Luciana Lóssio e Maria Thereza até tentaram aliviar o valor para menos...

Quebradeira

 

Fuga global



Projeto torna hediondo crime praticado contra agente público


A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 7043/14, do deputado Mendonça Prado (DEM-SE), que torna hediondo o homicídio praticado contra qualquer agente do Estado, tanto no exercício de suas funções quanto em razão de suas atividades. A proposta altera a Lei de Crimes Hediondos (8.072/90).

“Uma das formas que temos de cercear a sensação de impunidade vigente é combater a violência contra os agentes estatais, lembrando que são eles que atuam na vanguarda de proteção social”, argumenta Prado. “Já não aceitamos os ataques a aqueles que laboram incansavelmente para a proteção da sociedade”, afirma o autor.

Atualmente, são considerados hediondos os crimes de homicídio qualificado ou homicídio praticado por grupo de extermínio, de latrocínio, de extorsão qualificada, de extorsão mediante sequestro, de sequestro, de estupro, entre outros, todos esses devidamente tipificados no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), tentados ou consumados.

Tramitação
O projeto foi apensado ao PL 3131/08, do Senado, que agrava as penas dos crimes cometidos por ou contra agente do Estado e foi rejeitado pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. As propostas tramitam em regime de prioridade e ainda serão analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania; e pelo Plenário.

Íntegra da proposta:

Liberalismo ou Aeroportos!



Bate-papo na FGV organizado pelos alunos liberais, sobre o cenário político e econômico do Brasil.

Por que será que Marina parou de crescer? Como é possível que, com a rejeição que tem, Dilma não caia? E Aécio joga seu futuro nos resultados de Minas Gerais.

Por  TVEJA



Amigas e amigos do blog, os esses temas que estão aí no título não são os únicos que Joice Hasselmann e eu debatemos no programa Aqui Entre Nós, de TVEJA.

Clique e veja a nossa conversa, sempre em tom informal.

E não perca amanhã, quinta-feira, às 20h30, ao vivo: o grande J. R. Guzzo, ex-diretor de Redação de VEJA por 15 anos e, hoje, articulista agudo, preciso e ferino da revista, estará abordando com Joice o atual cenário político.


Discutindo o momento político brasileiro



Palestra realizada no dia 14 de agosto no seminário promovido pela  Westchester Financial Group em São Paulo.


O bicho vai pegar em quem?

Por Arnaldo Jabor

Marina pode ser o olho de um furacão que, claro, jamais conseguirá renovar a velha política sólida; mas ela pode criar um 'caos' na vida política.

O Brasil se move por acaso. Os rumos da História, se é que tem rumos, tendem a se enrolar em si mesmos e só fatos, traumas inesperados disparam a mutação. Que quer dizer essa frase? Que não são apenas as “relações de produção” que explicam nossa marcha, mas os detalhes, as ínfimas causas, as bobagens casuais e tragédias intempestivas fazem o Brasil andar.

Getúlio deu um tiro no peito e adiou a ditadura por dez anos. Jânio tomou um porre e pediu o boné, um micróbio entrou na barriga do Tancredo e mudou nossa vida, encarando o Sarney por cinco anos, o Collor foi eleito por sua pinta de galã renovador e acabou “impichado” por suas maracutaias. Roberto Jefferson mostrou sua carteirinha de corrupto, se denunciou junto com os mensaleiros e mudou a paisagem política. E agora Marina Silva pode ser presidente, em vez da Presidenta.

Com a população mal-informada em sua maioria (não falo dos miseráveis e analfabetos, mas de gente de terno e gravata) sobre as complexas questões da política e da economia, a emoção e a catarse movem o país.

Agora, estamos na expectativa; somos o país do eterno suspense: Marina vai ser eleita ou não? Será que o efeito “tragédia” vai se evaporar? A grande mudança seria, claro, a social-democracia apta a desfazer as boquinhas e os pavorosos erros com que o PT nos brindou. Aécio, se eleito, pode trazer a agenda correta. Mas, se Marina ganhar, teremos um outro tipo de mudança, uma virada para um “novo” desconhecido, uma virada psicológica e cultural inesperada. Não adianta analisar Marina com os instrumentos de análise costumeiros.

Agora em vez dos óbvios vexames do PT, estamos diante do mistério Marina.

Marina é “sonhática” ou não? Marina é populista? Marina é de esquerda ou não? Nada. No entanto, amigo leitor, Marina pode ser o olho de um furacão que, claro, jamais conseguirá renovar a velha política sólida; mas ela pode criar um “caos” na vida política. Talvez até um “caos progressista” pelo avesso. Que é isso que quero dizer? Marina pode vir a bagunçar mais a bagunça existente, mas poderá ser uma “bagunça crítica”, que pode trazer uma espécie de “destruição criadora” nesta zorra instalada.

Para falar em termos de “contradições negativas” que eles tanto amam, o caos que Lula, Dilma e o PT criaram na vida nacional pode ter sido o gatilho para uma revisão em busca de um modelo melhor. Se Marina vencer, será sabotada continuamente pelos vagabundos que se instalaram no Estado, será confrontada pelas barreiras fisiologistas dos parlamentares, talvez quebre a cara tentando. Mas, mesmo que fracasse, teremos um “caos mais moderno”, tirando do poder a velha cartilha regressista dos nossos bolivarianos. Mesmo que ela se perca na selva dos meliantes da política, não será mais irracional que os atuais governantes. O súbito surgimento inconcebível dessa moça da floresta e suas abstratas declarações são uma prova encarnada do delírio político do país. Com a queda do avião, houve uma grande reviravolta trágica que resultou em uma comédia de erros. Ninguém sabe o que vai nos acontecer.

Podemos decifrar, analisar, comprovar crimes ou roubos, mas nada se move, porque a maior realização deste governo foi justamente a desmontagem da Razão. Se bem que nunca antes nossos vícios ficaram tão explícitos, nunca aprendemos tanto de cabeça para baixo. Já sabemos que a corrupção no país não é um “desvio” da norma, não é um pecado ou crime; é a norma mesmo, entranhada nos códigos e nas almas. O caudilhismo sindicalista de Lula serviu para entendermos melhor nossa deformação. Os comentaristas ficam desorientados diante do nada que os petistas criaram com o apoio do povo analfabeto. Os conceitos críticos como “democracia, respeito à lei, ética”, viraram insuficientes raciocínios contra um cinismo impune. Lula com seu carisma de operário sofredor nos decepcionou, revelando-se um narcisista egoísta e despreparado, enquanto o melhor governo que tivemos, do FHC, ficou no imaginário da população como um fracasso, movido pela campanha de difamação sistemática e pela babaquice dos tucanos que não se defenderam. Os petistas têm mania da ideologia da contramão. Fizeram tudo ao contrário do óbvio, movidos por uma ridícula utopia revolucionária, quando na realidade só fizeram avacalhar o país.

Meu Deus, que prodigiosa fartura de novidades fecundas como um adubo sagrado, belas como nossas matas, cachoeiras e flores. Ao menos, estamos mais alertas sobre a técnica do desgoverno que faz pontes para o nada, viadutos banguelas, estradas leprosas, hospitais cancerosos, esgotos à flor da terra, tudo como plano de aceleração do crescimento. Fizeram tudo para a reestatização da economia, incharam a máquina pública, invadiram as agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, em busca de um getulismo tardio, com desprezo pelas reformas, horror pela administração e amor aos mecanismos de “controle” da sociedade, esta “massa atrasada” que somos nós. A esquerda psicótica continua fixada na ideia de “unidade”, de “centro”, ignorando a intrincada sociedade com bilhões de desejos e contradições. Acham que a complexidade é um complô contra eles, acham a circularidade inevitável da vida uma armação do neoliberalismo internacional.

Os petistas têm uma visão de mundo deturpada por conceitos acusatórios: luta de classes, vitimização, culpados e inocentes, traidores e traídos. Petistas só pensam no passado como vítimas ou no futuro como salvadores e heróis. O presente é ignorado, pois eles não têm reflexão crítica para entendê-lo. Reparem que Dilma na TV só fala do que “vai fazer”, se for eleita. Por que não fez antes, nos 12 anos da incompetência corrosiva? A solução é mentir: números falsos, contabilidade falsa. Antigamente, se mentia com bons álibis; hoje, as tramoias e as patranhas são deslavadas; não há mais respeito nem pela mentira. É isso aí, amigos, o bicho vai pegar. Em quem?