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A precarização salarial das Forças Armadas brasileiras

Por Jefferson Gomes Nogueira

De todas as instituições imbuídas constitucionalmente de garantir a paz social e a segurança pública, as Forças Armadas são as mais defasadas, seja em termos de progressão na carreira, seja na questão de moradia ou em questões salariais.

É recorrente o envio de tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica em apoio aos estados brasileiros para as mais diversas demandas. Depois da atuação das Forças Armadas antes, durante e depois da fatídica Copa das Copas, em que centenas de militares ficaram meses longe de seus familiares para garantir o sucesso daquele evento, necessário se faz colocar na agenda dos presidenciáveis a questão da defasagem salarial que vitima essa categoria social há anos.

Numa comparação rápida no portal da transparência do governo federal pode-se constatar a disparidade salarial existente entre o Ministério da Defesa e outros órgãos de segurança pública do País, sejam eles estaduais ou federais.

Assistimos, nos últimos meses que antecederam a Copa, ao emprego do Exército e da Marinha no estado do Rio de Janeiro, em Salvador e em Pernambuco, em missões que caberiam, à luz da Constituição Federal, a outros órgãos de segurança pública.

O emprego das Forças Armadas no combate ao tráfico de drogas deveria se restringir a vigilância de nossa extensa faixa de fronteiras; entretanto, essas tropas federais vêm sendo constantemente utilizadas em ações de apoio às operações policiais contra o crime organizado e o tráfico de drogas no meio urbano, missão que foge a sua especificidade operacional e constitucional, haja vista que são ações de natureza policial.

Não obstante ao fato de que, na estrita Garantia da Lei e da Ordem, podem as Forças Armadas ser empregadas após o pedido dos governadores à Presidência da República, o fato é que em muitos desses casos essa missão caberia à Força de Segurança Nacional, criada justamente com essa finalidade. Essa força especializada composta por policiais civis e militares, por peritos criminais e por bombeiros militares das diversas unidades da federação trabalha atrelada à Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça.

Além dessas missões de intervenção direta no combate à criminalidade, as Forças Armadas atuam nos lugares mais longínquos do País não só na missão de segurança das fronteiras nacionais, mas, sobretudo, na estabilidade social daquelas localidades. Seu emprego vai desde a construção/reconstrução e manutenção das vias de acesso (estradas e pontes), passando pela assistência médica/odontológica às populações locais, até ao apoio à educação básica.

Desnecessário se faz, nesse pequeno artigo, ressaltar o importante papel das Forças Armadas na missão de paz no Haiti, que já dura mais de uma década e que já custou a vida de dezenas de militares brasileiros.

Dessa forma, é imprescindível que a defasagem salarial das Forças Armadas entre nos debates dessa campanha presidencial, haja vista que aquela instituição está diretamente envolvida nas questões inerentes à segurança pública, em que, historicamente, assistimos, por ocasião das diversas greves das Polícias Militares Estaduais, à imediata e pronta intervenção das Forças Armadas na garantia da segurança pública em diversos estados.

A questão crucial é que as Forças Armadas são impedidas, por dispositivo legal, de fazer greve e reivindicar seus direitos. Esse fato as deixam numa situação paradoxal, pois, enquanto as forças auxiliares exercem seu justo direito de lutar por suas demandas mais prementes, os militares das Forças Armadas veem, silenciosamente, seus salários e seus direitos sendo usurpados significativamente.

De todas as instituições imbuídas constitucionalmente de garantir a paz social e a segurança pública, as Forças Armadas são as mais defasadas, seja em termos de progressão na carreira, seja na questão de moradia ou em questões salariais.

A Medida Provisória nº 2.215-10, de 31 de agosto de 2001, que trata da remuneração dos militares das Forças Armadas e que suprimiu diversos direitos da categoria, tramita no Congresso Nacional há mais de uma década, demonstrando o total descaso pela categoria. “Ou se revoga toda a MP, com os efeitos maléficos que eles trouxeram, ou então se discute as emendas que apresentamos.

Do jeito que está não podemos mais ficar. É preciso que o Executivo entenda que precisa remunerar os militares dignamente”, defendeu Ivone Luzardo, presidente da União Nacional das Esposas dos Militares e Pensionistas, Unemfa, durante reunião entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, e dezenas de representantes de associações dos mais diversos setores da Marinha, Exército e Aeronáutica, ocorrida em 13 de maio deste ano. De acordo com os representantes dos militares, mais de oito milhões de pessoas dependem da votação da MP 2215/2001.

Para uma instituição que figura em segundo lugar no quesito credibilidade e confiança da população brasileira, sua situação salarial está longe de corresponder a tamanho grau de responsabilidade e prestígio.





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Jefferson Gomes Nogueira é Sociólogo e mestre em História

MARINA: A MARIONETE DA VEZ

Por Sérgio Alves de Oliveira
 
Tenho acompanhado com vivo interesse  no “Alerta Total” a insistente suposição de que as eleições que se avizinham estariam sendo manipuladas,fraudulentamente,tanto  nas pesquisas,quanto na futura apuração eletrônica das urnas. Assim os “resultados” da apuração não trariam nenhuma surpresa em  relação às pesquisas. Seria só “empossar”o vencedor.Com naturalidade.

O “ajuste” entre as pesquisas e o resultado das eleições já viria “amaciado”,ou seja,em índices menores do que deveriam ser originalmente,em vista da “migração” de eleitores INDUZIDOS por essas pesquisas para a chapa “vencedora”. Essa tendência,na verdade covarde,é da natureza humana dos fracos. Sempre é mais cômodo e seguro ficar ao lado do “vencedor”. As fraudes,portanto,estariam  nas forças psicológicas que induzem o voto e na própria apuração eletrônica,previamente planejada. Qualquer um sabe que a eletrônica permite esses “manuseios”.

Antes do acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos,quase todos acreditavam que a disputa  seria resolvida já em primeiro turno,com Dilma,ou em segundo turno,entre Dilma e Aécio. Quase ninguém cogitava da possibilidade de vitória eleitoral da chapa Campos/Marina,seja em primeiro ou segundo turno.   Em seguidinha à morte de Campos,começaram a dizer que a eleição iria para segundo turno e que o PSB (agora com Marina na cabeça) seria o “fiel-da-balança”. Cheguei a escrever sobre isso. Mas errei. A “coisa”foi mais longe.

Agora tudo mudou. A preferência parece ter passado para Marina,o que mostra a imaturidade de uma democracia (na verdade OCLOCRACIA) ,pois nunca um acidente com qualquer candidato poderia mudar o quadro eleitoral  em tal dimensão em tão curto espaço de tempo.

O acidente aéreo precipitou ou “facilitou” o gerenciamento das eleições Tanto que até haveria motivos “eleitorais” para que colocassem Marina no lugar de Campos. Ela era “melhor”de votos que Campos,sempre lembrando que não vivemos  uma democracia,porém a oclocracia.

Portanto,sendo claro,a morte de Campos impulsionou a candidatura Marina Silva,agora na cabeça de chapa. Por isso não deveria causar nenhuma surpresa se procedente a suspeita do Ministério Público que o dito acidente teria sido provocado por algo “externo”. O acidente tende a provocar a vitória do PSB e aliados. Eleitoralmente falando,o óbito de Campos foi um bem para o PSB.

Mas tenho para mim,e aí vou divergir de quase todos,que o “Sistema” ,chamado por alguns de Oligarquia Financeira ,antes já estava apostando na chapa Campos/Marina.Mas parece que não estava “funcionando”. Campos não decolava. Agora com Marina ficou melhor e mais garantido investir.

Mato a cobra e mostro o pau. Também Collor de Mello foi uma surpresa. Venceu como um relâmpago. Ninguém esperava. Agora se repete. No dia que Marina aceitou ser vice de Campos,o “Blog do Kennedy”,de 28.1.14, deu a notícia e ali “comentei”o seguinte: “Certamente estão aí os novos chefes de governo. O Sistema vai dar um p.p. na b...do PT,que tanto lhe serviu até hoje. Mas ficou desgastado.Não serve mais.O mesmo ocorreu antes com o Regime Militar,que também foi dispensado. O Sistema age assim,sempre alternando com grupos que vão fazer a mesma coisa. A bola da vez é Eduardo Campos e Marina Silva. Querem apostar? “

Mas não foi só aí. Também no “Alerta Total”, de 3 de março ,escrevi “Encruzilhada Eleitoral “,onde tratei das eleições em curso:  “O  SISTEMA que elegeu,reelegeu e sustentou o PT,e de quem recebeu todos os favores,parece estar avaliando a situação,mesmo fazendo uma “concorrência”  entre os candidatos,para ver qual deles melhor servirá seus interesses. Essa é a “ideologia”do Sistema. Conforme a opção,será fácil fazer com que o povo “homologue”a sua vontade nas malditas urnas. Bastarão algumas doses de lavagem cerebral. Na verdade a grande massa do povo não tem consciência política pare decidir pelo “seu” próprio melhor.Geralmente ela é conduzida,assim cavando o próprio  túmulo. Mas é ela quem decide,quem elege.”

Estes são alguns pensamentos que ouso  submeter ao Editor e Colaboradores.


Fonte: Alerta Total


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Sérgio Alves de Oliveira é Sociólogo e Advogado.

Por que o nazismo era socialismo e por que o socialismo é totalitário.

Por George Reisman
 
Minha intenção é expor dois pontos principais: (1) Mostrar que a Alemanha Nazista era um estado socialista, e não capitalista. E (2) mostrar por que osocialismo, compreendido como um sistema econômico baseado na propriedade estatal dos meios de produção, necessariamente requer uma ditadura totalitária.

A caracterização da Alemanha Nazista como um estado socialista foi uma das grandes contribuições de Ludwig von Mises.

Quando nos recordamos de que a palavra "Nazi" era uma abreviatura de "der Nationalsozialistische Deutsche Arbeiters Partei" — Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães —, a caracterização de Mises pode não parecer tão notável. O que se poderia esperar do sistema econômico de um país comandado por um partido com "socialista" no nome além de ser socialista?

Não obstante, além de Mises e seus leitores, praticamente ninguém pensa na Alemanha Nazista como um estado socialista. É muito mais comum se acreditar que ela representou uma forma de capitalismo, aquilo que comunistas e marxistas em geral têm alegado.

A base do argumento de que a Alemanha Nazista era capitalista é o fato de que a maioria das indústrias foi aparentemente deixada em mãos privadas.

O que Mises identificou foi que a propriedade privada dos meios de produção existia apenas nominalmente sob o regime Nazista, e que o verdadeiro conteúdo da propriedade dos meios de produção residia no governo alemão. Pois era o governo alemão e não o proprietário privado nominal quem decidia o que deveria ser produzido, em qual quantidade, por quais métodos, e a quem seria distribuído, bem como quais preços seriam cobrados e quais salários seriam pagos, e quais dividendos ou outras rendas seria permitido ao proprietário privado nominal receber.

A posição do que se alega terem sido proprietários privados era reduzida essencialmente à função de pensionistas do governo, como Mises demonstrou.

A propriedade governamental "de fato" dos meios de produção, como Mises definiu, era uma consequência lógica de princípios coletivistas fundamentais adotados pelos nazistas como o de que o bem comum vem antes do bem privado e de que o indivíduo existe como meio para os fins do estado. Se o indivíduo é um meio para os fins do estado, então, é claro, também o é sua propriedade. Do mesmo modo em que ele pertence ao estado, sua propriedade também pertence.

Mas o que especificamente estabeleceu o socialismo "de fato" na Alemanha Nazista foi a introdução do controle de preços e salários em 1936. Tais controles foram impostos como resposta ao aumento na quantidade de dinheiro na economia praticada pelo regime nazista desde a época da sua chegada ao poder, no início de 1933. O governo nazistaaumentou a quantidade de dinheiro no mercado como meio de financiar o vasto aumento nos gastos governamentais devido a seus programas de infraestrutura, subsídios e rearmamento. O controle de preços e salários foi imposto em resposta ao aumento de preços resultante desta inflação.

O efeito causado pela combinação entre inflação e controle de preços foi a escassez, ou seja, a situação na qual a quantidade de bens que as pessoas tentam comprar excede a quantidade disponível para a venda.

As escassezes, por sua vez, resultam em caos econômico. Não se trata apenas da situação em que consumidores que chegam mais cedo estão em posição de adquirir todo o estoque de bens, deixando o consumidor que chega mais tarde sem nada — uma situação a que os governos tipicamente respondem impondo racionamentos. Escassezes resultam em caos por todo o sistema econômico. Elas tornam aleatória a distribuição de suprimentos entre as regiões geográficas, a alocação de um fator de produção dentre seus diferentes produtos, a alocação de trabalho e capital dentre os diferentes ramos do sistema econômico.

Face à combinação de controle de preços e escassezes, o efeito da diminuição na oferta de um item não é, como seria em um mercado livre, o aumento do preço e da lucratividade, operando o fim da diminuição da oferta, ou a reversão da diminuição se esta tiver ido longe demais. O controle de preços proíbe o aumento do preço e da lucratividade. Ao mesmo tempo, as escassezes causadas pelo controle de preços impedem que aumentos na oferta reduzam o preço e a lucratividade de um bem. Quando há uma escassez, o efeito de um aumento na oferta é apenas a redução da severidade desta escassez. Apenas quando a escassez é totalmente eliminada é que um aumento na oferta necessita de uma diminuição no preço, trazendo consigo uma diminuição na lucratividade.

Como resultado, a combinação de controle de preços e escassezes torna possíveis movimentos aleatórios de oferta sem qualquer efeito no preço ou na lucratividade. Nesta situação, a produção de bens dos mais triviais e desimportantes, como bichinhos de pelúcia, pode ser expandida à custa da produção dos bens importantes e necessários, como medicamentos, sem efeito sobre o preço ou lucratividade de nenhum dos bens. O controle de preços impediria que a produção de remédios se tornasse mais lucrativa, conforme a sua oferta fosse diminuindo, enquanto a escassez mesmo de bichinhos de pelúcia impediria que sua produção se tornasse menos lucrativa conforme sua oferta fosse aumentando.

Como Mises demonstrou,  para lidar com os efeitos indesejados decorrentes do controle de preços, o governo deve abolir o controle de preços ou ampliar tais medidas, precisamente, o controle sobre o que é produzido, em qual quantidade, por meio de quais métodos, e a quem é distribuído, ao qual me referi anteriormente. A combinação de controle de preços com estas medidas ampliadas constituem a socialização "de fato" do sistema econômico. Pois significa que o governo exerce todos os poderes substantivos de propriedade.

Este foi o socialismo instituído pelos nazistas. Mises o chama de modelo alemão ou nazista de socialismo, em contraste ao mais óbvio socialismo dos soviéticos, ao qual ele chama demodelo russo ou bolchevique de socialismo.

O socialismo, é claro, não acaba com o caos causado pela destruição do sistema de preços. Ele apenas perpetua esse caos. E se introduzido sem a existência prévia de controle de preços, seu efeito é inaugurar este mesmo caos. Isto porque o socialismo não é um sistema econômico verdadeiramente positivo. É meramente a negação do capitalismo e seu sistema de preços. E como tal, a natureza essencial do socialismo é a mesma do caos econômico resultante da destruição do sistema de preços por meio do controle de preços e salários.

(Quero demonstrar que a imposição de cotas de produção no estilo bolchevique de socialismo, com a presença de incentivos por todos os lados para que estas sejam excedidas, é uma fórmula certa para a escassez universal da mesma forma como ocorre quando se controla preços e salários.)

No máximo, o socialismo meramente muda a direção do caos. O controle do governo sobre a produção pode tornar possível uma maior produção de alguns bens de especial importância para si mesmo, mas faz isso à custa de uma devastação de todo o resto do sistema econômico. Isto porque o governo não tem como saber dos efeitos no resto do sistema econômico da sua garantia da produção dos bens aos quais atribui especial importância.

Os requisitos para a manutenção do sistema de controle de preços e salários trazem à luz anatureza totalitária do socialismo — mais obviamente, é claro, na variante alemã ou nazista de socialismo, mas também no estilo soviético.

Podemos começar com o fato de que o autointeresse financeiro dos vendedores operando sob ocontrole de preços seja de contornar tais controles e aumentar seus preços. Compradores, antes impossibilitados de obter os bens, estão dispostos a — na verdade, ansiosos para — pagar estes preços mais altos como meio de garantir os bens por eles desejados. Nestas circunstâncias, o que pode impedir o aumento dos preços e o desenvolvimento de um imenso mercado negro?

A resposta é a combinação de penas severas com uma grande probabilidade de ser pego e, então, realmente punido. É provável que meras multas não gerem a dissuasão necessária. Elas serão tidas como simplesmente um custo adicional. Se o governo deseja realmente fazer valer o controle de preços, é necessário que imponha penalidades comparadas àquelas dos piores crimes.

Mas a mera existência de tais penas não é o bastante. O governo deve tornar realmente perigosa a condução de transações no mercado negro. Deve fazer com que as pessoas temam que agindo desta forma possam, de alguma maneira, ser descobertas pela polícia, acabando na cadeia. Para criar tal temor, o governo deve criar um exército de espiões e informantes secretos. Por exemplo, o governo deve fazer com que o dono da loja e o seu cliente tenham medo de que, caso venham a se engajar em uma transação no mercado negro, algum outro cliente na loja vá lhe informar.

Devido à privacidade e sigilo em que muitas transações no mercado negro ocorrem, o governo deve ainda fazer com que qualquer participante de tais transações tenha medo de que a outra parte possa ser um agente da polícia tentando apanhá-lo. O governo deve fazer com que as pessoas temam até mesmo seus parceiros de longa data, amigos e parentes, pois até eles podem ser informantes.

E, finalmente, para obter condenações, o governo deve colocar a decisão sobre a inocência ou culpa em casos de transações no mercado negro nas mãos de um tribunal administrativo ou seus agentes de polícia presentes. Não pode contar com julgamentos por júris, devido à dificuldade de se encontrar número suficiente de jurados dispostos a condenar a vários anos de cadeia um homem cujo crime foi vender alguns quilos de carne ou um par de sapatos acima do preço máximo fixado.

Em suma, a partir daí o requisito apenas para a aplicação das regulamentações de controle de preços é a adoção de características essenciais de um estado totalitário, nominalmente o estabelecimento de uma categoria de "crimes econômicos", em que a pacífica busca pelo autointeresse material é tratada como uma ofensa criminosa grave. Para tanto é necessário o estabelecimento de um aparato policial totalitário, repleto de espiões e informantes, com o poder de prisões arbitrárias.

Claramente, a imposição e a fiscalização do controle de preços requerem um governo similar à Alemanha de Hitler ou à Rússia de Stalin, no qual praticamente qualquer pessoa pode ser um espião da polícia e no qual uma polícia secreta existe e tem o poder de prender pessoas. Se o governo não está disposto a ir tão longe, então, nesta medida, o controle de preços se prova inaplicável e simplesmente entra em colapso. Nesse caso, o mercado negro assume maiores proporções.

(Observação: não estou sugerindo que o controle de preços foi a causa do reino de terror instituído pelos nazistas. Estes iniciaram seu reino de terror bem antes da decretação do controle de preços. Como resultado, o controle de preços foi decretado em um ambiente feito para a sua aplicação.)

As atividades do mercado negro exigem o cometimento de outros crimes. Sob o socialismo "de fato", a produção e a venda de bens no mercado negro exige o desafio às regulamentações governamentais no que diz respeito à produção e à distribuição, bem como o desafio ao controle de preços. Por exemplo, o governo pretende que os bens que são vendidos no mercado negro sejam distribuídos de acordo com seu planejamento, e não de acordo com o do mercado negro. O governo pretende, igualmente, que os fatores de produção usados para se produzir aqueles bens sejam utilizados de acordo com o seuplanejamento, e não com o propósito de suprir o mercado negro.

Sobre um sistema socialista "de direito", como o que existia na Rússia soviética, no qual o ordenamento jurídico do país aberta e explicitamente tornava o governo o proprietário dos meios de produção, toda a atividade do mercado negro, necessariamente, exige aapropriação indébita ou o roubo da propriedade estatal. Por exemplo, considerava-se queos trabalhadores e gerentes de fábricas na Rússia soviética que tiravam produtos destas para vender no mercado negro estavam roubando matéria-prima fornecida pelo estado.

Além disso, em qualquer tipo de estado socialista — nazista ou comunista —, o plano econômico do governo é parte da lei suprema do país. Temos uma boa ideia de quão caótico é o chamado processo de planejamento do socialismo. O distúrbio adicional causado pelo desvio, para o mercado negro, de suprimentos de produção e outros bens é algo que oestado socialista toma como um ato de sabotagem ao planejamento econômico nacional. E sabotagem é como o ordenamento jurídico dos estados socialistas se refere a isto. Em concordância com este fato, atividades de mercado negro são, com frequência, punidas com pena de morte.

Um fato fundamental que explica o reino de terror generalizado encontrado sob o socialismo é o incrível dilema em que o estado socialista se coloca em relação à massa de seus cidadãos. Por um lado, o estado assume total responsabilidade pelo bem-estar econômico individual. O estilo de socialismo russo ou bolchevique declara abertamente esta responsabilidade — esta é a fonte principal do seu apelo popular. Por outro lado, oestado socialista desempenha essa função de maneira desastrosa, tornando a vida do indivíduo um pesadelo.

Todos os dias de sua vida, o cidadão de um estado socialista tem de perder tempo em infindáveis filas de espera. Para ele, os problemas enfrentados pelos americanos com a escassez de gasolina nos anos 1970 são normais; só que ele não enfrenta este problema em relação à gasolina — pois ele não tem um carro e nem a esperança de ter — mas sim em relação a itens de vestuários, verduras, frutas, e até mesmo pão.

Pior ainda: ele é forçado a trabalhar em um emprego que não foi por ele escolhido e que, por isso, deve odiar. (Já que sob escassezes, o governo acaba por decidir a alocação de trabalho da mesma maneira que faz com a alocação de fatores de produção materiais.) E ele vive em uma situação de inacreditável superlotação, com quase nenhuma chance de privacidade. Frente à escassez habitacional, pessoas estranhas são designados pelo governo a morarem juntas; famílias são obrigadas a compartilhar apartamentos. Um sistema de passaportes e vistos internos é adotado a fim de limitar a severidade da escassez habitacional em áreas mais desejáveis do país. Expondo suavemente, uma pessoa forçada a viver em tais condições deve ferver de ressentimento e hostilidade.

Contra quem seria lógico que os cidadãos de um estado socialista dirigissem seu ressentimento e hostilidade se não o próprio estado socialista? Contra o mesmo estado socialista que proclamou sua responsabilidade pela vida deles, prometeu uma vida de bênção, e que é responsável por proporcionar-lhes uma vida de inferno. De fato, os dirigentes de um estado socialista vivem um dilema no qual diariamente encorajam o povo a acreditar que o socialismo é um sistema perfeito em que maus resultados só podem ser fruto do trabalho de pessoas más. Se isso fosse verdade, quem poderiam ser estas pessoas más senão os próprios líderes, que não apenas tornaram a vida um inferno, mas perverteram a este ponto um sistema supostamente perfeito?

A isso se segue que os dirigentes de um estado socialista devem temer seu povo. Pela lógica das suas ações e ensinamentos, o fervilhante e borbulhante ressentimento do povo deveria jorrar e engoli-los numa orgia de vingança sangrenta. Os dirigentes sentem isso, ainda que não admitam abertamente; e, portanto, a sua maior preocupação é sempre manter fechada a tampa da cidadania.

Consequentemente, é correto, mas bastante inadequado, dizer apenas que "o socialismo carece de liberdade de imprensa e expressão." Carece, é claro, destas liberdades. Se o governo é dono de todos os jornais e gráficas, se ele decide para quais propósitos a prensa e o papel devem ser disponibilizados, então obviamente nada que o governo não desejar poderá ser impresso. Se a ele pertencem todos os salões de assembléias e encontros, nenhum pronunciamento público ou palestra que o governo não queira não poderá ser feita. Mas osocialismo vai muito além da mera falta de liberdade de imprensa e de expressão.

Um governo socialista aniquila totalmente estas liberdades. Transforma a imprensa e todo foro público em veículos de propaganda histérica em prol de si mesmo, e pratica cruéisperseguições a todo aquele que ouse desviar-se uma polegada da linha do partido oficial.

A razão para isto é o medo que o dirigente socialista tem do povo. Para se proteger, eles devem ordenar que o ministério da propaganda e a polícia secreta façam de tudo para reverter este medo. O primeiro deve tentar desviar constantemente a atenção do povo quanto à responsabilidade do socialismo, e dos dirigentes socialistas, em relação à miséria do povo. O outro deve desestimular e silenciar qualquer pessoa que possa, mesmo que remotamente, sugerir a responsabilidade do socialismo ou de seus dirigentes em relação à miséria do povo — ou seja, deve desestimular qualquer um que comece a mostrar sinais de estar pensando por si mesmo.

É por causa do terror dos dirigentes, e da sua necessidade desesperada de encontrar bodes-expiatórios para as falhas do socialismo, que a imprensa de um país socialista está sempre cheia de histórias sobre conspirações e sabotagens estrangeiras, e sobre corrupção e mau gerenciamento da parte de oficiais subordinados, e por que, periodicamente, é necessáriodesmascarar conspirações domésticas e sacrificar oficiais superiores e facções inteiras do partido em gigantescos expurgos.

E é por causa do seu terror, e da sua necessidade desesperada de esmagar qualquer suspiro de oposição em potencial, que os dirigentes do socialismo não ousam permitir nem mesmo atividades puramente culturais que não estejam sob o controle do estado. Pois se o povo se reúne para uma amostra de arte ou um sarau de literário que não seja controlado pelo estado, os dirigentes devem temer a disseminação de idéias perigosas. Quaisquer idéias não-autorizadas são idéias perigosas, pois podem levar o povo a pensar por si mesmo e, a partir daí, começar a pensar sobre a natureza do socialismo e de seus dirigentes. Estes devem temer a reunião espontânea de qualquer punhado de pessoas em uma sala, e usar a polícia secreta e seu aparato de espiões, informantes, e mesmo o terror para impedir tais encontros ou ter certeza de que seu conteúdo é inteiramente inofensivo do ponto de vista do estado.

O socialismo não pode ser mantido por muito tempo, exceto por meio do terror. Assim que o terror é relaxado, ressentimento e hostilidade logicamente começam a jorrar contra seus dirigentes. O palco está montado, então, para uma revolução ou uma guerra civil. De fato, na ausência de terror, ou, mais corretamente, de um grau suficiente de terror, o socialismo seria caracterizado por uma infindável série de revoluções e guerras civis, conforme cada novo grupo dirigente se mostrasse tão incapaz de fazer o socialismo funcionar quanto foram seus predecessores.

A inescapável conclusão a ser traçada é a de que o terror experimentado nos países socialistas não foi simplesmente culpa de homens maus, como Stalin, mas sim algo que brota da natureza do sistema socialista. Stalin vem à frente porque sua incomum perspicácia e disposição ao uso do terror foram as características específicas mais necessárias para um líder socialista se manter no poder. Ele ascendeu ao topo por meio de um processo de seleção natural socialista: a seleção do pior.

Por fim, é necessário antecipar um possível mal-entendido em relação à minha tese de que o socialismo é totalitário por natureza. Diz respeito aos países supostamente socialistas dirigidos por social-democratas, como a Suécia e outros países escandinavos, que claramente não são ditaduras totalitárias.

Neste caso, é necessário que se entenda que não sendo estes países totalitários, não são também socialistas. Os partidos que os governam podem até sustentar o socialismo como sua filosofia e seu fim último, mas socialismo não é o que eles implementaram como seu sistema econômico. Na verdade, o sistema econômico vigente em tais países é a economia de mercado obstruída, como Mises definiu. Ainda que seja mais obstruído do que o nosso em aspectos importantes, seu sistema econômico é essencialmente similar ao nosso, no qual a força motora característica da produção e da atividade econômica não é o governo, mas sim a iniciativa privada motivada pela perspectiva de lucro.

A razão pela qual social-democratas não estabelecem o socialismo quando estão no poder, é que eles não estão dispostos a fazer o que seria necessário. O estabelecimento dosocialismo como um sistema econômico requer um ato massiço de roubo — os meios de produção devem ser expropriados de seus donos e tomados pelo estado. É virtualmente certo que tais expropriações provoquem grande resistência por parte dos proprietários, resistência que só pode ser vencida pelo uso de força bruta.

Os comunistas estavam e estão dispostos a usar esta força, como evidenciado na União Soviética. Seu caráter é o dos ladrões armados preparados para matar caso isso seja necessário para dar cabo dos seus planos. O caráter dos social-democratas, em contraste, é mais próximo ao dos batedores de carteira: eles podem até falar em coisas grandiosas, mas não estão dispostos a praticar a matança que seria necessária; e desistem ao menor sinal de resistência séria.

Já os nazistas, em geral não tiveram que matar para expropriar a propriedade dos alemães, fora os judeus. Isto porque, como vimos, eles estabeleceram o socialismo discretamente, por meio do controle de preços, que serviu para manter a aparência de propriedade privada. Os proprietários eram, então, privados da sua propriedade sem saber e, portanto, sem sentir a necessidade de defendê-la pela força.

Creio ter demonstrado que o socialismo — o socialismo de verdade — é totalitário pela sua própria natureza.

(Tradução de Fábio M. Ostermann)



Vocês são o PT!

Por Milton Pires

Senhoras e senhores jornalistas da imprensa brasileira, assim me dirijo a vocês sem mencionar algum "conselho".."associação" ."sindicato" ou órgão de classe. Pouco me interessa se vocês o possuem ou não pois o que se segue há (ou não, como diz o querido Gilberto Gil de vocês) de servir como uma luva para alguns de seus colegas.

A semana que passou foi marcada pelos gritos desesperados do menino Bernardo Boldrini quando morava com seu pai e madrasta. Foram vocês que trouxeram esses gritos para dentro de nossas casas assim como a cena da torcedora do Grêmio chamando o goleiro do Santos de "macaco" e essa legião de imbecis que vocês chamam de "famosos" atirando baldes de gelo e água sobre suas cabeças para ajudar pacientes com esclerose lateral amiotrófica.

Quando assisto esse tipo de reportagem fico imaginando o prazer de cada um de vocês... a sensação de "sucesso" e de serem "grandes jornalistas"..Eu os vejo atravessando as noites nessas verdadeiras imundícies que são as redações de Zero Hora, Folha de São Paulo e O Globo, eu os imagino em suas "casas", essas coisas chamadas "aparthotéis", "lofts", "plufts" ou "flaps" onde vocês, seus desgraçados, moram com seus gatos siameses e samambaias para esconder o vazio das suas vidas pois são bichos e plantas que lhes inspiram muito mais amor do que o bebê de 10 meses que levou um banho de água e gelo do avô nos EUA ou da menina de Porto Alegre que teve a casa apedrejada depois de ser exposta ao país inteiro pelo crime "hediondo" de chamar o goleiro do Santos de "macaco".

Eu fico imaginando cada um de vocês, seus pobres diabos viciados em cocaína e ecstasy, varando a noite em festas gays na cidade de Londres de onde depois vocês voltam dizendo que fizeram um "doutorado cheeseburger" em jornalismo ou comunicação...

Minha pergunta a todos vocês, excrementos da profissão que um dia já foi o jornalismo brasileiro, é se vocês não tem vergonha na cara... A quem vocês pensam que enganam insistindo em saber como foi pago o avião de Eduardo Campos?

Vocês, criaturas com gel no cabelo que escrevem escutando Cold Play e tomando Red Bull... Vocês, seus lixos, que não sabem sequer se são homens, mulheres ou nenhum dos dois, pensam que não existe mais ninguém no Brasil que saiba dar um CONTROL+C ou CONTROL+V e escrever as coisas que vocês escrevem nos jornais???

Há de chegar o dia em que o bebê que tomou um banho de gelo, a menina que teve que mudar de casa em Porto Alegre ou os próprios fantasmas de Bernardo Boldrini ou Eduardo Campos hão de aparecer perante vocês, seus desgraçados!

Vocês, que com sua ditadura do politicamente correto tem contribuído para histeria coletiva, são os mestres da desinformação..são os senhores dessa tempestade de asneiras, de falta de recato, ética e caridade....

Vocês, seus vagabundos, são a própria falta de caridade disfarçada num surto de pós-modernismo que só pode enganar a quem quiser ser feito de bobo.

Dia há de chegar, na história desse país, em que todos vocês vão ser lembrados como a maior legião de vagabundos, covardes e picaretas que algum dia escreveu em algum jornal do mundo ...Dia há de chegar, seus desgraçados, em que todos hão de entender quem vocês são...

Vocês, seus espíritos imundos, são o PT!


Fonte: Alerta Total


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Milton Simon Pires é Médico.

Furacão Marina é fenômeno sem precedentes



Em duas semanas Marina Silva mudou o jogo na corrida eleitoral. Ela cresceu a passos largos e já está empatada com Dilma Rousseff. Para o historiador Marco Antonio Villa, Marina é um caso único na história do Ocidente. Dilma também entrou para história como a pior presidente do Brasil com os números do PIB publicados nesta sexta-feira.

PARA ONDE VAMOS?

Cel Cav Flávio Acauan Souto

Começou com a Venezuela. Pobre país! O tenente coronel Hugo Chavez, quando tudo indicava que pudesse surgir como um novo Peron, talvez um Vargas, preferiu trafegar na linha vermelha do bizarro socialismo bolivariano, como ele o batizou. Comprou briga com os norte-americanos, a quem chamou de carrascos imperialistas (ainda que não o incomodasse os carrascos continuarem comprando o seu petróleo) y otras cositas más. Completou essa magistral idiotice com outras cartadas de igual insanidade, como a submissão aos inadimplentes Fidel e seu irmão, inclusive com o aporte de farta mesada, o apoio às Farc, incluindo o governo da Colômbia no rol de seus inimigos, além da farta distribuição de petrodólares a Cuba, à Bolívia e a outros menos votados. Tudo por se achar obcecado pela implantação, inicialmente na área andina, da falácia comunista disfarçada sob o poncho de Simon Bolivar, a quem foi perturbar na tranquilidade de sua tumba. Não poderia ter sido outro o resultado: quebrou, literalmente, a pátria de El Libertador. Sua morte, fecho tragicômico da opereta caribenha de que foi protagonista, chorada por uns e aplaudida pelos demais, foi um grande serviço prestado ao povo de seu país... Alguém acredita que esse governo vagabundo do Maduro vai se sustentar em uma nação falida, em todos os sentidos? Sem dispor do pão e sem levar o mínimo jeito para o circo, no que o seu padrinho – agora virado em diáfano pajarito – era rematado mestre?

Por outro lado, quem pode garantir que a queda de Maduro – ao que tudo indica, inevitável – trará de volta à Venezuela a democracia e a paz? Qual será a posição das Forças Armadas? Até que ponto estarão elas contaminadas com o vírus que, com certeza, lhes foi inoculado? Serão os baluartes da reconstrução democrática, ou produzirão algum clone de tiranete para substituir o anterior? Terá Capriles ou outro líder antichavista condições de se eleger e de exercer o mandato? Que fazer com os cento e tantos milhares de cubanos aboletados em diversas áreas sensíveis da vida da nação? Certamente, os coleguinhas de Chaves, e agora de Maduro, aí incluído o infeliz governo brasileiro do PT, acudirão com pretextos e pressões de toda ordem no âmbito da famigerada Unasul, o serpentário onde chocaram com tanto carinho seus fatídicos ovos.

Deslocando a pontaria mais para o Sul, encontramos o oportunista Correa e o cocaleiro Evo, que pegaram carona no bonde do Chavez. O Maduro não tem cacife para mantê-los no colo, ainda mais agora, no cai-não-cai em que se encontra. E os dois, pelas próprias pernas, não irão muito longe caso insistam na enrascada bolivariana em que se meteram. Os primeiros sintomas começam a se fazer sentir, na medida em que suas economias fenecem enquanto as dos vizinhos não bolivarianos florescem. Pode até acontecer que seus países venham também a desistir do tal bolivarianismo e retomem o juízo perdido. Se o Equador voltar ao seio da comunidade andina, ao lado de Chile, Peru e Colômbia, a Bolívia não terá como não seguir no mesmo rumo. Quanto ao valente Paraguai, nosso parceiro de Itaipu teve a sorte de ser expulso do malsinado Mercosul. Em razão do atrevimento de seus congressistas em recusar a admissão da Venezuela de Chavez, e não, como se difundiu, por terem apeado – aliás, dentro da lei – seu lascivo presidente. Volta suas vistas para a Alca e projeta acordos bilaterais com os EUA e com a comunidade andina. Que los cumpla feliz!   
 
Os Kirschner, por sua vez, depois de arrematarem a obra de seus antecessores peronistas, deixando em cacos o fantástico país de seus avós, também vão morrer, com toda a certeza. Biologicamente, gentileza que El Penguino já fez aos nossos queridos hermanos, ou, então, politicamente, como a viúva dele... en la playa. A Argentina, assim como seu vizinho Brasil, tem tudo para bombar no cenário continental desde que não a atrapalhem governos ineptos e mal intencionados como os últimos que teve. Se o culto povo argentino, já em grande parte, como se sabe, impaciente com as artimanhas e arbitrariedades de seus atuais governantes, exercitar o bom senso e a razão, saberá escolher, na próxima rodada, quem seja capaz de, pelo menos, não atrapalhar com tanta intensidade... Ou não saberá... No dizer abalizado de Jorge Luís Borges, o argentino é um indivíduo; não um cidadão.

Já o pequeno Uruguai, este tem o único presidente melancia que não enganou ninguém. Declaradamente socialista – não daqueles de 12 anos, como alguém escarneceu há pouco tempo –, o folclórico tupamaro don José (Pepe) Mujica, que anda de fusca e calça alpargatas, conheceu bem o resultado desastroso do assistencialismo exagerado que levou seu país, a saudosa Suíça sul-americana do início do século passado, à bancarrota quase que total. Sabe também o quanto custou à sua nação recuperar-se e sair do vermelho. Por mais extremada que seja a sua ideologia, nada indica que pretenda se valer desse ou de outro expediente demagógico para se perpetuar no poder. O Uruguai parece ainda possuir uma estrutura partidária e uma tradição consolidada capazes de promover o jogo político e a alternância de seus governantes.

É este um cenário irreal? Fruto do otimismo exagerado, até da alienação ou da ingenuidade de um daqueles inocentes úteis, assim qualificados em nossos manuais de defesa interna? Será pura utopia, “sonho de uma noite de verão”, ou terá esse cenário, pelo menos, alguma chance de se concretizar?

Até teria, não fosse a situação do Brasil, a nação sul-americana dentre as que obedecem à orientação gramscista do abominável Foro de São Paulo que se encontra em fase mais avançada de – sejamos claros – comunização. Mais avançada até que a Venezuela, onde a metade de seu povo hoje protesta e resiste bravamente. Metade que, salvo inconcebíveis genocídio ou extermínio, tende a se tornar maioria, porque dispõe de liderança, porque sua causa é nobre e porque combate o bom combate.

Nenhum outro desses países na fila da cubanização sofre tão expressivo e generalizado aparelhamento do estado como o nosso. Agentes e cúmplices do processo, aos magotes, acomodam-se em posições de mando e em cargos públicos para os quais são em geral despreparados e incompetentes, mas onde se ajustam à perfeição aos objetivos reais da duma: o popular “tá tudo dominado”. O último passo, imoral mas decisivo, se deu com a recente capitulação da corte suprema, onde a cor política ou ideológica logrou substituir, despudoradamente, o “renomado saber jurídico”.

Em tempos pregressos o secretário de estado norte-americano Henry Kissinger afirmou que para onde o Brasil se inclinasse toda a América Latina se inclinaria. É triste a constatação de que hoje se inverte o sentido daquele prognóstico: é o Brasil que vai a reboque, subserviente à ideologia e aos mandos e desmandos de agentes de outras plagas, que têm tradições, princípios e costumes completamente diferentes dos nossos.

Muito piores, entretanto, são nossos próprios agentes internos, mais preocupados consigo mesmos e com seu sonho cafajeste e megalômano de poder do que com o país que dilapidam e com o povo que fingem proteger. Travestidos de brasileiros, o que não são, porque este gentílico não se aplica aos que roubam sem qualquer cerimônia o patrimônio financeiro da nação e o pulverizam em obras caríssimas em Cuba ou em suspeitos perdões de dívidas a insuspeitos ditadores africanos e a contumazes caloteiros sul-americanos como Venezuela, Bolívia e Paraguai, enquanto condenam o país à estagnação e o povo brasileiro à ignorância, à insegurança e à insalubridade. Sem falar na miséria disfarçada pela esmola que o conduz à inércia, condição essencial para a garantia dos votos que os conservarão, sabe Deus até quando, no domínio do terreiro que com tanto capricho prepararam.

De onde viemos? Para onde vamos?

Sabemos todos de onde viemos. Independente de convicção política ou ideológica, todos o sabemos. Viemos de um país que, bem ou mal, com maior ou menor intensidade, vinha cumprindo as etapas de seu desenvolvimento social e econômico. De um país sem tantos patrulhamentos e preconceitos, livres que éramos da tirania do insuportável “politicamente correto”. Se tínhamos racismo, homofobia e outros “ismos” e “ias”, eram todos muito menores e menos incômodos do que os que hoje nos são impostos.

Éramos tão diferentes como o somos agora, mas isso não nos incomodava tanto. Era penoso ser pobre, ou pertencer a uma das hoje consagradas “minorias”, mas não era pecado não ser ou não pertencer. Viemos de um país em que não se roubava tanto e tão descaradamente, e não se gastava mais em propaganda do que em educação. Em que não se trocavam leitos em hospitais sucateados por estádios de altíssimo padrão. Enfim, viemos de um país que, “sem chegar a ser uma brastemp”, também não oferecia ao mundo a imagem que hoje escancara de desordem governamental, de falta de seriedade, de desonestidade institucionalizada e de tolerância com a violência, com o crime, com as drogas e com a péssima qualidade dos  serviços prestados à população, que por eles, regiamente, paga.

Por fim, viemos de um país que, historicamente, foi capaz de vencer os desafios à sua, ainda que frágil, democracia, e de desbaratar as diversas tentativas de instauração da detestável “ditadura do proletariado” (proletariado, aliás, que nunca obteve mais do que as migalhas do banquete).

Para onde vamos?


Sim, para onde? Quem souber, por favor, me comunique.


Aqui entre nós: debate com os colunistas



O primeiro debate entre os candidatos, a entrevista de Marina Silva ao Jornal Nacional e os novos números do Ibope são alguns dos assuntos discutidos no "Aqui entre nós" de hoje. Joice Hasselmann comanda o bate-papo entre Carlos Graieb, editor-executivo de VEJA.com, e os colunistas Augusto Nunes e Ricardo Setti. É a TVEJA nas eleições 2014.