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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Ataques de Lula à mídia inglesa e propaganda do medo sinalizam que petistas pressentem derrota

 
“O Brasil não quer voltar atrás” – ideia força na primeira peça de propaganda reeleitoral partidária do PT, veiculada desde ontem no rádio e na televisão, demonstra, claramente, que os estrategistas da Presidenta Dilma Rousseff admitem o alto risco de uma derrota na eleição presidencial. Elaborado pela equipe do sempre idolatrado marketeiro João Santana, o anúncio é um verdadeiro “Harakiri baiano” (para quem conhece o significado da expressão tão escrota e preconceituosa quanto às intenções autoritárias da nazicomunopetralhada).

Pior que a mensagem-ordem “Não podemos voltar atrás” da propaganda petista foi o discurso retrógrado do Presidentro Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do II Congresso de Diários do Interior do Brasil. Lula voltou a defender a regulamentação da mídia, colocando a autoritária proposta – que o eufemismo petista chama de “democratização dos meios de comunicação” - no meio de outras propostas: “No Brasil de hoje é preciso garantir a complementariedade de emissoras privadas, públicas e estatais. Promover a competição e evitar a contaminação do espectro por interesses políticos. Estimular a produção independente e respeitar a diversidade regional do país. Uma regulação democrática vai incentivar os meios de comunicação de caráter comunitário e social, fortalecer a imprensa regional, ampliar o acesso à internet de banda larga”.

Lula aproveitou o evento para mandar um recado àqueles que considera, atualmente, seu principal inimigo: a imprensa britânica, controlada pela Oligarquia Financeira Transnacional que abandonou o PTitanic, e vem crescendo no tom das críticas ao desgoverno do Partido dos Trabalhadores. Lula esculachou os jornais e revistas ingleses, segundo ale reproduzidos de forma acrítica no Brasil, recomendando que se preocupem mais com a imagem interna da Inglaterra: “O país deles tem uma dívida de mais de 90% do PIB, com índice recorde de desemprego, mas eles escrevem que o Brasil, com uma dívida líquida de 33%, é uma economia frágil. Não conheço economia frágil com reservas de US$ 377 bilhões, inflação controlada, investimento crescente e vivendo no pleno emprego”.

Lula também bateu em outro inimigo: a chamada grande imprensa brasileira. O chefão Lula reclamou que os grandes jornais dão destaque exagerado a pequenos problemas e deixam de lado importantes avanços. Por isso, o Presidentro voltou a defender uma mudança de critérios na divisão da verba publicitária do governo federal. Lula recordou que, em 2002, quando venceu as eleições presidenciais, a verba publicitária do governo era distribuída para 240 empresas de comunicação. Em 2009, o bolo publicitário era repartido entre 4.692 empresas.

Traduzindo o Lulês

O governo petista foi eficiente no aparelhamento da mídia injetando dinheiro público em uma mídia amestrada que, em troca da verba oficial, tende a falar bem – ou, na pior hipótese – menos mal do governo.

O uso indevido da chamada “publicidade oficial”, confundindo-a com “propaganda politiqueira”, em uma espécie de “mensalão para a mídia”, foi o jeitinho encontrado por Lula e sua equipe de marketeiros para garantir sua hegemonia midiática.

O azar dos estrategistas petralhas é a venalidade da mídia tupiniquim – que vive no jogo de morde e assopra com o governo, para obter cada vez mais verbas públicas, por falta de competência e de um modelo de negócio para captar a verba publicitária privada que lhe garantiria independência financeira e, consequentemente, maior liberdade editorial.

Copa das Corjas

 

Fantasmas do Presente

Acabará virando piada propagandística o vídeo idealizado pelo marqueteiro João Santana – claramente plagiando o famoso discurso do medo da campanha tucana de José Serra, em 2002, com atriz Regina Duarte, ou imitando as propagandas de 1988 do General Augusto Pinochet, no Chile.

“Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos” e “não podemos dar ouvidos a falsas promessas” – dois trechos bem destacados na locução do ator petista Antônio Grassi – deixam claro o medo petista com as agressivas campanhas de Aécio Neves e Eduardo Campos.

No trecho sobre a “volta dos fantasmas do passado” só faltou mostrar um General fardado, em um semáforo, saltando da viatura militar para dar um chute na bunda de uma criancinha que vive escravizada pela indústria da esmola tão estimulada pelos petistas.

Compare as propagandas

Abaixo, a propaganda do PT, que imita a mensagem do PSDB, em 2002.


Confira a famosa propaganda tucana, com Regina Duarte, que passou a ser patrulhada pela petralhada, por ter instilado o medo com a eleição de Lula, em 2002 – que acabou acontecendo:


Também lembra a linha da propaganda de 2002, feita pelo publicitário Duda Mendonça, com a mesma ideia de usar a miséria e a desgraça para intimidar quem não vive em tal estágio, vendendo o conceito de que “se você pensa assim, no fundo, você também é um pouco PT”:


Imitando Pinochet?

Reportagem de O Globo lembra que o uso do discurso do medo em campanhas políticas não é algo novo e não é exclusividade do Brasil.

No Chile, em 1988, a campanha pela manutenção da ditadura de Augusto Pinochet também utilizava essa estratégia.

A campanha do SIM, pela continuidade de Pinochet no poder, afirmava que os chilenos não podiam deixar que se repetisse o que acontecia no país antes daquele governo, e mostrava pessoas dizendo que não queriam a volta da inflação, pobreza, desemprego e da fome.

Quando a marketagem petista começa a evocar até os fantasmas que faziam a propaganda do Pinochet, é sinal de que a coisa anda desesperadora para o lado deles...

Queimando grana na campanha

O juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, para comprovar que o Brasil gasta mais em campanha eleitoral que os Estados Unidos da América.

O magistrado Reis destacou para O Globo que, em 2012, o gasto eleitoral no Brasil em relação ao PIB (US$ 2,3 trilhões) foi de US$ 0,89 por eleitor, enquanto nos Estados Unidos (com PIB de US$ 16,5 trilhões) chegou a apenas US$ 0,38.

Os números citados pelo juiz são de um estudo feito pelo professor Geraldo Tadeu Monteiro, do Iuperj.

É dando que se recebe

Para cada R$ 1 doado para campanhas, as empresas obtêm de volta R$ 8,50 em obras públicas.

O cálculo é de Gil Castelo Branco, do site Contas Abertas, que classifica as doações eleitorais no Brasil como uma relação promíscua entre políticos e grandes empresas.

Castelo Branco calcula que as eleições custaram ao País, em quatro anos (de 2010 a 2014), um total de R$ 9,5 bilhões.

É bem mais do que será gasto com 45 obras de mobilidade para a Copa – a maioria que nem ficará pronta a tempo, e com alto risco de ter um superfaturamento de contrato para ser terminada (ou não) depois.

Ato falho


Aos amigos... tudo

A coluna “Raio Laser”, do jornal Tribuna da Bahia de ontem, confirma como funciona Luiz Inácio Lula da Silva com seus amigos de fé e irmãos companheiros:

“Em conversa reservada com o governador Jaques Wagner, o ex-presidente Lula disse que jamais deixaria na mão o aliado de toda hora José Sérgio Gabrielli, que dirigiu a Petrobras em seu governo e, naquela condição, foi o principal patrono da polêmica compra de Pasadena. Por esse motivo, Lula fez questão de prestigiar Gabrielli e defender o negócio, objeto agora de uma CPI no Congresso”.

No atual estilo Lula, vale uma reinterpretação deu m velho ditado político:

“Aos amigos, tudo... Aos inimigos... nem a lei...”

Corrente que funciona


Vibrando com Toffoli

O Presidentro Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em Brasília, foi a ausência mais sentida na prestigiada posse do ex-advogado do PT e ministro do Supremo Tribunal Federal, o jovem José Antônio Dias Toffoli, na presidência do Tribunal Superior Eleitoral.

Os três principais candidatos à Presidência da República, atual Presidenta Dilma Rousseff (PT), Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), fizeram questão de participar do beija mão ao novo comandante do TSE, que já se comprometeu a não criar obstáculos para aquilo que pode parecer “propaganda eleitoral antecipada”:

“A campanha antecipada para mim é aquela onde há explícito pedido de voto. Os debates, as discussões, são próprios da democracia. O que não pode nesse período antecipado é pedir voto e fazer campanha explícita, dizer: eu sou candidato, vote em mim. O País passou 20 anos na penumbra da época em que não havia eleições para a Presidência da República. Não há como se colocar o debate democrático no cercadinho de três meses. Isso só beneficia quem está no poder. Se só puder haver atuação de partidos e candidatos em três meses, só beneficia a reeleição. Quem está no poder tem visibilidade natural, os meios de comunicação divulgam os atos de governo. Os debates são próprios de uma nação democrática. Não se pode por um torniquete no debate político”.

Quem levanta a mão por último...


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Olha Eu Aqui...


O TERRORISMO PETISTA – Aécio: “Governo vive seus estertores”; Campos: “Vai ser um tiro no pé”


Os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) regiram à campanha terrorista petista: “Vejo um certo tipo de desespero. Acho que aquilo vai ser um grande tiro no pé. Com esse tipo de campanha, os que acham que vão colocar medo vão encorajar o povo a tirar a presidente Dilma, inclusive do segundo turno”.

Aécio emitiu uma nota em que afirmou:

“É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder. Esse comercial é o retrato do que o PT se transformou e o espelho do fracasso de um governo que, após 12 anos de mandato, só tem a oferecer medo e insegurança porque perdeu a capacidade de gerar confiança e esperança. Os brasileiros não merecem isso. É um ato de um governo que vive seus estertores”.

O silêncio dos inocentes

Por Carlos Brickmann*

carlos_brickmann_13Um deputado estadual do PSOL paulista pede a convocação de Robson Marinho, homem-forte do Governo Covas (e hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado), para depor na Assembléia sobre denúncias de formação de cartel e de propinas em obras do Metrô e trens urbanos. É justo: a Justiça suíça bloqueou US$ 1,1 milhão de conta bancária atribuída a Marinho, no Crédit Lyonnais; e promotores suíços calculam que o movimento da conta foi de US$ 2,5 milhões.

É justo convocar Marinho, para que tenha a oportunidade de defender-se e de responder a dúvidas sobre o caso. Mas será suficiente? Será que ele, por mais poderoso que tenha sido, teria condições de tomar decisões de grande alcance sem a colaboração de mais ninguém? Impossível: em política, não há quem ganhe sozinho. O correto seria ouvir todo o alto-comando do Governo Covas na área, naquela época, não apenas para buscar culpados, mas também para verificar se quem tinha a atribuição de zelar pelos contratos não falhou em exercê-la.

Não é tanta gente: Belisário dos Santos Jr., Justiça; Antônio Angarita, Governo; Yoshiaki Nakano, Fazenda; André Franco Montoro Filho, Planejamento; Plínio Assmann, Transportes; Cláudio de Sena Frederico, Transportes Metropolitanos. E, claro, os dirigentes do Metrô e da Cia. Paulista de Trens Metropolitanos.

Mudez seletiva

Há mais de um ano o caso do cartel e das propinas é jogado no colo do conselheiro Robson Marinho, e só dele. Os demais integrantes do Governo Covas, na época em que os eventos denunciados começaram a ocorrer, até agora se mantiveram em ruidoso silêncio, com a boca abertamente fechada. Não se manifestaram sequer para demonstrar solidariedade ao colega denunciado.

É como se não o conhecessem, não tivessem jamais seguido suas orientações nem sido seus companheiros de Governo, de partido e de ação política. O governador Geraldo Alckmin, diante da criação da CPI sobre Metrô e Trens Urbanos, quase citou Jair Rodrigues, numa homenagem: “Deixe que façam”.

E ele era o vice na época.

Dinheiro na mão…

Lembra quando os Correios eram uma empresa exemplar? Mas não imagine que a direção dos Correios esteja inerte diante da decadência do serviço. Não, absolutamente! Está gastando R$ 42 milhões para mudar o logotipo da empresa, tirando alguns risquinhos que faziam parte da marca. Trinta milhões, dos 42, é o investimento em propaganda na TV e no rádio. O restante será gasto principalmente na troca de placas nas agências espalhadas pelo país.

E em que isso beneficiará a eficiência do serviço? Ora, caro leitor, também não se pode querer tudo!

…é vendaval

O comando das campanhas de Aécio Neves, Dilma Rousseff e Eduardo Campos calcula os gastos eleitorais em R$ 500 milhões. Não está incluído nessa previsão o gasto dos candidatos menores. E todos fingem que o horário eleitoral gratuito é gratuito. Mas o Governo paga, em isenções às emissoras, R$ 600 milhões numa campanha nacional. E paga pela tabela cheia, com 20% de desconto – provavelmente é o segundo mais caro que a TV cobra de seus clientes.

Ninguém é de ferro

O ministro Felix Fischer, presidente do Superior Tribunal de Justiça (“O Tribunal da Cidadania”, como se intitula), determinou que, a partir de 11 de junho, véspera do início da Copa do Mundo, não haverá decisões do plenário. Os ministros só tomarão decisões monocráticas, sem participação dos demais. Como após a Copa há recesso, o plenário só volta a decidir em conjunto a partir de agosto.

OAB?

Há advogados perguntando qual a posição da OAB. Este colunista arrisca duas possibilidades: a) discutir outra coisa (quando a Polícia Federal invadiu escritórios e prendeu advogados, nenhum deles condenado, a OAB, em vez de condenar a violência, debateu o tipo de cela em que ficariam); b) silêncio obsequioso.

Shakespeare não disse

Em nenhuma obra de Shakespeare existe o trecho “ser ou não ser, eis a questão”. Shakespeare não escrevia em português. Mas, para que possamos apreciar sua obra, há traduções. E as traduções são Shakespeare.

Por que tanto escândalo, então, quando uma obra de Machado de Assis é traduzida para o português atual? Adolfo Aizen adaptou (e bem) grandes clássicos para quadrinhos; Monteiro Lobato adaptou D. Quixote e fez com que este colunista, entre tantos, fosse atraído por Cervantes (e também pelo ótimo musical O Homem de la Mancha,de Dale Wasserman, com as belas letras de Joe Darion traduzidas por Chico Buarque). Tudo o que leva o público à boa leitura é bom. Literatura não é intocável, nem sagrada. E se fosse? A Bíblia foi escrita em hebraico e aramaico, traduzida para o grego, daí para o latim, daí para o português, Continua sendo a Bíblia Sagrada.

É coisa nossa

Irena Ruggiero, 81 anos, foi atropelada e morta por um carro da Polícia em Camboriú, SC, em 2007, quando atravessava a rua na faixa de pedestres. Agora a notícia atual: a Procuradoria do Estado exige dos herdeiros de dona Irena que paguem o conserto do carro.

Não é só jabuticaba que existe apenas no Brasil.


Fonte: ucho.info


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*Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

PT, Partido Terrorista. Ou: Campanha fascistoide!



O PT decidiu fazer a campanha do medo vencendo a esperança, invertendo a fórmula do marqueteiro Duda Mendonça em 2002. Em sua inserção na TV, investe no terrorismo eleitoral. Simula cinco situações que oporiam o Brasil do passado — governado pelo PSDB — ao do presente, sob a gerência do PT. Os atores de cada um dos quadros são os mesmos, ontem e hoje. Uma família feliz, por exemplo, está comprando sorvete na rua e olha para si mesma, no passado, quando vivia na indigência. Uma lágrima, nada furtiva, rola dos olhos de uma menina. Uma voz em off, meio cavernosa, alerta: “Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos com tanto esforço. Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás”.

Independentemente das afinidades eletivas, trata-se de uma mistificação grosseira no que afirma e no que omite. “Ah, o PSDB fez o mesmo em 1994, 1998 e 2002 e venceu a eleição assim duas vezes!” A afirmação é falsa como nota de R$ 13. Deixar claro que o PT era contra o Plano Real não era “terrorismo eleitoral”, mas matéria de fato. Pode-se encontrar a propaganda do partido na Internet. Os arquivos da imprensa estão disponíveis. Aloizio Mercadante e Maria da Conceição Tavares haviam convencido Lula de que o malogro seria espetacular e de que os pobres pagariam a conta do ajuste. Eu era editor-adjunto de Política da Folha em 1994. Tentei uma entrevista com Conceição. Sua indignação com o plano era tal, “meu irmão!”, que ela começou a gritar comigo como se eu fosse o Pérsio Arida ou o Edmar Bacha. Chorou um pouco e bateu o telefone na minha cara “porque vocês da imprensa não entendem nada!”. Ao menos a sua indignação era sincera, o que não é costumeiro entre petistas, que só se indignam quando isso lhes parece oportuno.

A ladainha contra o plano e contra os fundamentos que garantiam a estabilidade da economia foi a peça de resistência das campanhas de 1998 e, sim!, também da de 2002. O lema “O medo vencendo a esperança”, com aquelas grávidas a anunciar os bebês de Rosemary, ao som do “Bolero”, de Ravel (que desperta em mim os instintos mais primitivos), não escondia o fato de que não havia plano de voo a não ser “mudar isso tudo que está aí”. Tanto isso é verdade que a especulação passou a comer solta, o PT percebeu que poderia herdar um país ingovernável por conta de sua histórica irresponsabilidade e redigiu, então, a tal “Carta ao Povo Brasileiro”, que foi revisada por gente do governo FHC, o que poucos sabem. E eu sustento que foi assim ainda que os dois ex-presidentes neguem. O tucano sempre silenciou a respeito por elegância; o petista, por oportunismo.

Na história, não existe “se”, mas isso não nos impede de fazer exercícios lógicos. E se o PT tivesse vencido em 1994? E se tivesse vencido em 1998? E se não tivesse mudado o rumo da prosa a partir de 2003, quando aderiu às práticas que jurava que iria exterminar? O partido foi ao Supremo em 2000 contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. A questão ficou no tribunal por quase uma década. Em abril de 2003, no quarto mês da era petista, entrevistei o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, para a revista “Primeira Leitura” (que o petismo ajudou a fechar fazendo terrorismo nas agências de publicidade e no setor privado). Quando deputado, ele havia votado contra a LRF. No entanto, ele me disse naquela entrevista: “Para mim, responsabilidade fiscal é uma questão de princípio, anterior à política”. Você entenderam direito: Palocci dizia que a Lei de Responsabilidade Fiscal contra a qual ele próprio votara e contra a qual seu partido recorrera ao Supremo era intocável. O governo Lula passou a lutar, então, para mantê-la. Vale dizer: o PT de situação queria que o STF dissesse um “não” ao que havia reivindicado o PT de oposição.

É evidente que esse país do passado, de que fala o PT, não é o de seus aliados José Sarney ou Fernando Collor. Não! O país melancólico, da fome, do desespero, dos meninos que lavam para-brisas no farol (como a gente sabe, isso não existe mais, certo?), das famílias esfomeadas, ah, esse seria o país dos tucanos, do governo FHC. Quem conhece a história precisa ter um pouco de estômago para aguentar tamanha mistificação.

Mas convenham: não será por excesso de pudor que o petismo entrará para a história, não é mesmo? De resto, qualificar um partido adversário de “fantasma do passado”, como se a alternância de poder fosse uma regressão, é essencialmente fascistoide. É precisamente isto o que penso do PT há muitos anos: um partido fascistoide.