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sábado, 3 de maio de 2014
Não tem nada de errado com a pesquisa Sensus. Tanto que ela mostra a mesma tendência dos demais institutos.
Este blog já teve sérias desavenças com o instituto de
pesquisas Sensus, pelos seus erros constantes nas eleições de 2010. Errou muito
e por muito. Usou a mesma amostra de municípios em pesquisas diferentes. Sempre
apresentou o número de brancos e nulos muito acima dos outros institutos. O
próprio PSDB apontou uma série de inconsistências em pesquisa realizada na
última eleição presidencial. Leia aqui.
No entanto, as críticas do blogueiro do Estadão, José
Roberto de Toledo, publicadas hoje estão longe de ter força para desqualificar
o levantamento que mostra Aécio crescendo e Dilma caindo, aliás, como todas as
pesquisas estão demonstrando. Parece mais uma tentativa de desqualificar o
instituto a priori, o que é péssimo em jornalismo.
Toledo diz que o Sensus trabalha para os tucanos, que saiu a
campo logo depois do programa do Aécio, que colocou o nome do tucano antes da
Dilma, que, enfim, não agiu dentro das “melhores práticas” das pesquisas
eleitorais. Não existe nada de errado em usar a ordem alfabética que, aliás, é
praxe nos maiores institutos do mundo, como o Gallup e o Ipsos. Para quem
acompanha pesquisas e tem memória, em junho de 2002 a Sensus foi
questionada pelo PSDB nacional quanto à lista em ordem alfabética dos
candidatos. O TSE deu ganho de causa para o instituto, derrotando a petição dos
tucanos.
Quando ao fato do Sensus também fazer pesquisa para o PSDB,
assim como para vários outros partidos, Toledo teria a obrigação de registrar
que Ibope e Vox Populi têm gordos contratos com o Palácio do Planalto. Isento,
o moço não faz a mínima menção ao fato.
O jornalista também não questionou o Datafolha quando, em
outubro de 2013, iniciou pesquisa um dia após o programa de Eduardo Campos ter
entrado no ar. E também não está questionando o mesmo instituto sair para nova
pesquisa no dia seguinte ao do pronunciamento de Dilma Rousseff no Dia do
Trabalhador.
Quanto à pesquisa ter sido registrada depois do campo ter
sido feito é o mesmo que fez a Vox Populi, recentemente, sem que o blogueiro
emitisse qualquer crítica. Aliás, este instituto, vinculado à Carta Capital e
ao governo federal, fez este levantamento antes que os comerciais de Aécio
entrassem no ar e só a divulgou depois, para dar a impressão de que as inserções não tinham surtido efeito sobre
o eleitorado. O resultado da pesquisa apontou, segundo o Estadão, “estabilidade
nos números dos três candidatos”.
Toledo também critica que o questionário tem perguntas
conjunturais precedendo intenção de voto e avaliações de popularidade. Ora, o
Ibope, que trabalha em parceria com o Estadão, utiliza a mesma estratégia. O
blogueiro, se tão especialista em pesquisas eleitorais, em vez de críticas
gratuitas e superficiais, poderia explicar aos seus leitores as diferenças
entre as metodologias dos institutos, entre as quais:
1) A amostra da Sensus é por setores censitários do IBGE,
com variáveis amostrais para urbano/rural, sexo, idade, escolaridade e renda.
Os candidatos são apresentados com seus respectivos partidos, como ocorre nas
eleições.
2) O Ibope também utiliza amostra por setores censitários do
IBGE, com variáveis amostrais para sexo, idade, escolaridade e ramo de
atividade, mas sem ir ao rural que representa 14% do eleitorado. Questionário
com os candidatos sem os partidos, diferente das eleições.
3) Já o Datafolha utiliza fluxo de pessoas nas ruas, com variáveis
amostrais somente para sexo e idade. Não vai ao rural, que representa 14% do
eleitorado. A escolaridade é coletada em campo, sem ser previamente uma
variável amostral. Na última pesquisa do Datafolha, por exemplo, a escolaridade
fundamental de 16 anos que é de 54% no IBGE, apareceu neste instituto com
apenas 38%, com significativo desvio amostral. Além disso, o seu questionário
não apresenta os partidos dos candidatos, diferente do que ocorre na hora da
votação.
O Sensus, como dissemos anteriormente, não é o estado da
arte em pesquisas eleitorais. Mas nesta pesquisa apenas confirma o que todos os
outros institutos vêm mostrando. Um crescimento consistente de Aécio Neves, uma
estabilização de Eduardo Campos e uma queda de Dilma Rousseff. Mais do que metodologias
de pesquisa, o que parece estar incomodando o blogueiro do Estadão são os
resultados. Aí o caso deixa de ser metodológico e passa a ser ideológico.
Um dia depois da visita de Aécio, a vaia estava à espera de Dilma em Uberaba
Nesta sexta-feira, 2 de maio, o senador tucano Aécio Neves
esteve em Uberaba para visitar a Expozebu. Ouviu reivindicações dos
empresários, confraternizou com a multidão, reiterou que é o candidato do
agronegócio à Presidência da República, respondeu a todas as perguntas dos
jornalistas. Disse, por exemplo, o que pretende fazer com o Bolsa Família, ou o
que achou do discurso de Dilma Rousseff na véspera do Dia do Trabalho.
Neste sábado, 3 de maio, a presidente em busca da reeleição
pousou em Uberaba para estrelar a abertura oficial da Expozebu. Descobriu que,
se não convocar plateias amestradas, terá de conviver com o som do
descontentamento em todas as aparições públicas. Desta vez, as vaias se
distribuíram por três momentos. Começaram quando a visitante recebeu a medalha
que celebra os 80 anos da Expozebu. Ressurgiram no início do discurso. E
tornaram quase inaudível o fecho do falatório.
Dilma se negou a comentar com jornalistas a
recepção constrangedora. Vai esperar o próximo pronunciamento em rede nacional
de rádio e TV para jurar que, de novo, foi hostilizada pelos algozes de sempre:
“essa gente que torce pelo quanto pior, melhor”. Um dia talvez descubra que a
candidata é vaiada pelo que fez e faz a presidente.
Kátia Abreu denuncia ecoterrorismo do Greenpeace
Em sua coluna de hoje na Folha, a senadora Kátia Abreu
levanta importantes questões sobre a postura ideológica do Greenpeace, a partir
de declarações feitas por seu diretor-executivo, o ativista sul-africano Kumi
Naidoo, que participou recentemente do Global Agribusiness Forum.
Há anos que o Greenpeace se transformou em uma máquina de
pregação anticapitalista sob o manto do ambientalismo. Até mesmo um de seus
fundadores já o denunciou por isso. O ecoterrorismo – o terrorismo climático –
cai como uma luva àqueles que desejam condenar o progresso capitalista por
todos os males do planeta.
O ambientalismo virou o refúgio de muita viúva do comunismo,
uma nova seita religiosa que incute pânico nos leigos, a partir de profecias
catastróficas iminentes, apenas para forçar mais concentração de poder e
recursos no estado e destruir o estilo de vida vigente, i.e., o sistema capitalista.
Kátia Abreu escreve:
O terror sempre foi a mais perversa das ferramentas
políticas. Nesse caso, é também contraproducente, pois acaba impedindo a
formação de consensos nas conferências governamentais. A cenografia
ambientalista dá mais uma prova de que seu movimento é um fim em si mesmo e não
busca soluções. Ruim para todos nós.
O pior vem em seguida. Mirando o agronegócio brasileiro, ele
disse que “as grandes fazendas industriais são menos resistentes aos impactos
do clima do que as pequenas culturas ecológicas; que grandes terras tomadas por
monoculturas e dependentes de fertilizantes e agrotóxicos não são sustentáveis
e que é preciso mudanças radicais e urgentes”.
Mais adiante, o sr. Naidoo afirmou que “a abordagem do setor
costuma ser a da monocultura voltada ao mercado de commodities e ao consumo
animal” e prosseguiu: “O mal está no tamanho da propriedade, que deve ser
pequeno, na especialização produtiva, no uso de adubos e de remédios contra as
doenças e pragas e na produção de plantas para consumo de animais”.
O viés ideológico fica evidente. Assim como o marxismo, o
ecoterrorismo busca um respaldo científico para sua ideologia, mas não passa de
uma casca, de pseudo-ciência, de cientificismo marretado até produzir o efeito
desejado: uma visão escatológica voltada para um único alvo, o capitalismo.
Kátia Abreu conclui:
Na utopia passadista do sr. Naidoo, não há lugar para a
liberdade e para o indivíduo. O Estado, em nome da natureza, tudo dirige e
controla. É assim que vamos tornar as pessoas mais felizes e o mundo melhor?
Liberdade é valor inarredável. Um paraíso verde, cheio de
escravos, é pesadelo com o qual não queremos sonhar.
Lava Jato – Fornecedores da Petrobras sob suspeita doaram R$ 856 milhões a campanhas de 2006 a 2012
Leiam o que vai na VEJA.com. Volto ao assunto mais tarde.
Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Ao mapear o caminho percorrido pelos mais de 10 bilhões de
reais lavados pelo grupo comandado pelo doleiro Alberto Youssef, a operação
Lava Jato, da Polícia Federal, encontrou um duto que abastecia diretamente
políticos, partidos e campanhas eleitorais. Policiais e procuradores de Justiça
já sabem que, para manter a influência e garantir contratos para “amigos”, o
doleiro e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa,
destinavam grandes somas de dinheiro a autoridades. Um levantamento feito pelo
site de VEJA, a partir dos registros oficiais de doações de campanha, revela
que, de 2006 a 2012, as empresas e seus diretores agora investigados por
participação no esquema destinaram pelo menos 856 milhões de reais para
financiar candidaturas. O PT lidera com ampla vantagem o ranking de doações do
grupo, com 266,4 milhões de reais recebidos. Em seguida, estão PSDB (158,1
milhões), PMDB (149,8 milhões), PSB (70,7 milhões), DEM (43,9 milhões) e PP
(34,2 milhões).
A investigação começou a cruzar empresas, siglas, candidatos
beneficiados e contratos com a estatal. Um dos negócios esmiuçados pela
investigação é a construção da refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, Pernambuco.
Costa e Youssef já viraram réus em processo por desvio de verbas da refinaria.
Dados bancários e fiscais obtidos pela polícia revelaram que o Consórcio
Nacional Camargo Corrêa (CNCC), responsável pela construção do empreendimento,
pagou comissões para a subcontratada Sanko Sider. Parte do dinheiro, no
entanto, foi parar na MO Consultoria – uma das empresas de fachada do doleiro.
Pelo menos 26 milhões de reais foram desviados entre 2009 e 2013 para a firma
de Youssef. A Sanko Sider, que forneceria tubos para a obra, fez doações para o
PT pelo menos em 2006 – ano em que doou 6.000 reais para a campanha de Luiz
Inácio Lula da Silva à reeleição. Esta foi a única doação oficial registrada
pela empresa desde então.
Já se sabe também que outros doadores de campanhas, como
OAS, Galvão Engenharia, Jaraguá Equipamentos e Arcoenge depositaram recursos
diretamente em contas da MO Consultoria. Só a OAS repassou 1,6 milhão de reais
para a empresa de fachada, bem menos, no entanto, do que efetivamente registrou
em doações legais a campanhas políticas desde 2006 (131,3 milhão de reais).
Entre as empresas que Costa anotou como alvo de cobranças de
doações, a Andrade Gutierrez foi a que mais fez contribuições oficiais. De 2006
a 2012, o conglomerado distribuiu 189,5 milhões de reais a políticos e
partidos. Nesse período, PT, PMDB e PP ficaram com 53% do total doado. Na
gestão dele, um único contrato rendeu 958 milhões de reais para a construtora
Andrade Gutierrez, depois de prorrogações e aumentos de gastos com 45 aditivos.
O segundo maior doador oficial foi a Camargo Corrêa, que já
tem conexão identificada com o esquema de Youssef. O conglomerado doou 176,9
milhões de reais para campanhas desde 2006. Só em 2010 foram distribuídos 56
milhões de reais – dos quais metade ficou com PT, PMDB e PP. No total, em 2010,
o grupo financiou oficialmente 83 candidatos a deputado estadual, 70
candidaturas a deputado federal, 16 campanhas a governador e 25 candidatos a
senador. O deputado federal Eduardo Cunha, líder do PMDB e comandante dos
rebeldes na base do governo, levou sozinho 500.000 reais para sua candidatura
naquele ano.
A Polícia Federal suspeita que o ex-diretor da Petrobras
agia para abastecer o caixa de políticos mesmo após deixar o cargo na estatal,
que ocupou de 2004 a 2012. Em um caderno, ele tinha anotado nomes de sócios e
executivos de fornecedores da estatal e a situação de cada cobrança. Aparecem
nessa lista empresas como a Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, UTC Engenharia,
Engevix, Iesa, Hope e Toyo Setal. Em 2010, Paulo Roberto Costa fez, como pessoa
física, uma doação de 10.000 reais ao Comitê Financeiro Único do PT no Rio de
Janeiro.
Caixa dois
Investigadores desconfiam que os recursos angariados pelo
doleiro e pelo ex-diretor da Petrobras tenham sido destinados ao caixa dois de
partidos. Pelo endereço de email paulogoia@hotmail.com, Youssef indicou em 17
de agosto de 2010 uma conta bancária para que Othon Zanoide de Moraes Filho,
diretor da construtora Queiroz Galvão, depositasse uma série de valores para
políticos e diretórios. Uma parte da lista bate com os registros do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Youssef cobrou 500.000 reais para o PP da Bahia;
250.000 reais para o deputado federal Roberto Teixeira (PP); 500.000 reais para
o deputado federal Nelson Meurer (PP); 100.000 reais para o deputado federal
Roberto Britto (PP); e 100.000 para o ex-deputado federal Pedro Henry (PP), um
dos condenados no escândalo do mensalão. Na Justiça Eleitoral, estes são
exatamente os valores doados pelo grupo Queiroz Galvão.
Há outras cobranças, no entanto, com valores divergentes
entre o que foi proposto pelo doleiro e efetivamente registrado – o que reforça
a tese de que havia também um esquema de caixa dois operado por Youssef. No
caso do diretório Nacional do PP, a cobrança era de 2.540.000 reais, mas foram
registrados 2.740.000. Há outros valores que, nos registros do TSE, são
superiores aos do email enviado pelo doleiro, como o pedido de 250.000 reais
para a deputada federal Aline Corrêa (PP), que recebeu oficialmente da empresa
350.000. Já para o PP de Pernambuco, a cobrança era de 100.000, mas foram doados
formalmente 1.640.000.
Youssef também fez contato com Cristian Silva da Jaraguá
Equipamentos para cobrar dados e emitir recibos de doações. De acordo com os
registros do TSE, a Jaraguá doou 250.000 reais para o deputado federal Roberto
Teixeira (PP), 250.000 reais para a deputada federal Aline Corrêa (PP), 100.000
reais para o deputado federal Pedro Henry (PP) e 50.000 reais para o deputado
federal Roberto Britto (PP). Mas a operação Lava Jato constatou, com base em
dados bancários e fiscais oficiais, que a Jaraguá fez depósitos em contas da MO
Consultoria, de Youssef. A empresa pagou 1,94 milhão de reais. A polícia
desconfia que esse valor foi distribuído como propina para o esquema de Youssef
e Costa.
Até o momento, apenas o deputado federal André Vargas
(ex-PT), amigo de Youssef, foi diretamente atingido pelas revelações da
operação Lava Jato. A Polícia Federal suspeita que o doleiro e o deputado eram
sócios em operações, mas o retorno financeiro auferido pelo parlamentar ainda é
desconhecido. O Comitê Financeiro Único do PT no Paraná recebeu, na campanha de
2010, pelo menos 1,6 milhão de reais de fornecedores da estatal que aparecem
entre os contatos do esquema. Essas empresas garantiram mais da metade da
arrecadação do comitê paranaense petista e esse órgão partidário injetou cerca
de 20 mil reais na campanha de Vargas. O deputado teve de renunciar à
vice-presidência da Câmara e se desfiliar ao PT para minimizar os danos ao
partido. Pode também ter o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara dos
Deputados, porque há indícios de que ele ajudou a Labogen, um laboratório de
fachada de Youssef, na assinatura de um contrato milionário com o governo
federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se o envolvimento de
Vargas com o doleiro deve ser investigado no âmbito criminal.
A atuação de Vargas para favorecer o doleiro no Ministério
da Saúde respingou no ex-ministro Alexandre Padilha, pré-candidato petista ao
governo de São Paulo. Subordinados de Padilha assinaram o convênio que
permitiria ao laboratório de Youssef faturar até 31 milhões de reais. A
operação Lava Jato revelou também que Vargas recebeu a indicação de um
ex-assessor de Padilha para ser contratado como lobista da Labogen em Brasília.
Em conversa com o doleiro, o deputado federal diz que a indicação para o posto
partiu do ex-ministro da Saúde. E Youssef falava a interlocutores como se
tivesse capacidade de influenciar a nomeação de cargos em eventual governo de
Padilha, como revelou o site de VEJA.
Nos palanques de candidaturas a governos estaduais, os
estragos da Lava Jato trazem mais riscos ao PT. Também no Paraná os nervos dos
petistas estão à flor da pele. Vargas era cotado para chefiar a campanha da
senadora Gleisi Hoffman ao governo paranaense. Ela também faz parte da bancada
que recebeu recursos de fornecedores suspeitos de contribuir em doações
intermediadas por Costa e Youssef. Oficialmente, Gleisi foi a candidata ao
Senado que mais recebeu recursos da Camargo Corrêa, com 1 milhão de reais
embolsados na última eleição. Conseguiu ainda doações de outras empreiteiras na
lista de Costa. A UTC Engenharia deu 250.000 reais para a campanha da senadora
e a OAS repassou 780.000 reais. Angariou ainda 100.000 reais da Contax, uma
coligada da Andrade Gutierrez, para sua candidatura.
Tornando-se nobre
Por Haroldo P. Barbosa*
Mais de 100% das autoridades governamentais (já estamos
incluindo os elementos que serão “promovidos” depois das eleições) acompanham a
veloz escalada da violência em nosso território. Em função das medidas sociais
que estão engavetadas há 3 décadas ou mais.
Nada fazem por 4 motivos básicos:
- vivem cercados por seguranças durante 24 horas;
- o caos nacional serve como trampolim eleitoral a cada 4
anos;
- 80% recebem propinas do mercado macabro de drogas e armas;
- em caso de revolta nacional integral, seus aviões estão
prontos para levá-los a um país próximo para gastarem as fortunas que montaram
com tal desprezo pelos seus eleitores.
Mais de 80% deste universo de autoridades apoiam os engodos
montados para serem estampados nos jornais e serem exibidos em vídeos além de
nossas fronteiras para mandar o seguinte recado: “prezado turista otário. Venha
ao nosso país durante a copa e olimpíadas trazendo sua moeda pois os impostos
extorsivos que sugamos da população local já não contentam nosso bando de
dirigentes incompetentes e vorazes”.
E os tais turistas acreditam que as UPPs exterminaram os
portadores das armas de fogo, quando na verdade os empurraram para localidades
a 90 minutos de distância do centro de atuação regular.
Acreditam que escolas com goteiras, carteiras quebradas,
professores mal pagos são instituições que preparam jovens para recebê-los com
educação e conhecimento, quando na verdade muitos deles agora chefiam (armados)
segmentos das quadrilhas empurradas acima.
Acreditam que UPAs sem equipamentos, sem curativos e sem
equipes bem remuneradas estão prontas para atende-los em caso de acidentes em
alguns estádios terminados às pressas apesar de diversos locais prestes a
provocar algum acidente previsível.
Acreditam que BRTs, trens e metrô (com a 10ª parte da
capacidade de qualquer país europeu) são as mágicas soluções de trânsito,
quando na verdade apenas servem como depósitos de “sardinhas” espremidas e
suadas durante 4 ou 5 horas por dia.
Mas não fiquem envergonhados de serem enganados por estas
manchetes fantasiosas que os iludem por alguns meses. Os nativos daqui são
tapeados desde quando nascem em condições precárias. Exaurem suas vidas para
cobrir os gastos das mordomias que a “realeza” se concede e nem por isto se
organizam para dar um basta a isto.
Nossos habitantes não se reúnem para mudar tal cenário pois
suas agendas estão sempre lotadas: para acompanhar o paredão do Big Besta
Brasil, programas com dançarinas desnudas, novelas pífias, shows nas praias,
ensaios de escolas de samba, filas de ingressos do futebol e pintura de ruas
durante a copa para representar mais uma falsa alegria a ser exibida a vocês e
atrai-los em busca das meninas que sonham engravidar com vocês para tornarem-se
“duquesas” e “condessas” em algum castelo medieval.
Fonte: Alerta Total
_________________
*Haroldo P. Barboza é Professor e Escritor. Autor dos livros
Brinque e cresça feliz / Sinuca de bico na cuca.
Dilma leva três buuuuuuuu na Expozebu.
A presidente Dilma Rousseff foi vaiada em três momentos na
abertura oficial da Expozebu, que reúne empresários da agropecuária no
Triângulo Mineiro. No evento, ela prometeu que o plano agrícola pecuário
2014-2015 terá mais recursos e mais facilidades na obtenção de crédito. Na
versão anterior, a verba para financiamento foi de R$ 136 bilhões. O anúncio
não foi suficiente para conter a plateia.
As vaias começaram assim que a presidente
recebeu a medalha alusiva aos 80 anos da Expozebu. Voltaram no início e no fim do
discurso da presidente. Visivelmente tensa, a presidente não fez nenhum
comentário sobre as manifestações. O evento contava com grande número de
simpatizantes do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). O parlamentar, também
homenageado com a medalha do evento, foi aplaudido pela plateia. (Estadão)
“O objetivo é doutrinar”, diz Claudio Haddad
Imperdível a entrevista de Claudio Haddad nas páginas
amarelas da Veja desta semana. Haddad foi sócio do Banco Garantia e fundador do
Ibmec, hoje Insper em São Paulo. É doutor pela Universidade de Chicago. Suas
opiniões sobre educação devem ser ouvidas e respeitadas. E não são nada favoráveis
ao modelo atual.
Haddad reforça a acusação que venho fazendo aqui no blog
desde o começo: nosso sistema educacional é uma grande máquina de doutrinação
ideológica. Ele comprovou isso de uma forma interessante: fez duas vezes a
prova do Enade, pois seus alunos tinham se saído mal e ele queria ver o que
tinha acontecido.
Na primeira vez, respondeu com base em seus conhecimentos, e
errou metade da prova. Na segunda vez, respondeu com base naquilo que achava
que os organizadores da prova desejavam como resposta, de acordo com seu viés
ideológico, e acertou quase tudo. A constatação ficou clara:
Uma prova cheia de rodeios e com grande espaço para
interpretação subjetiva é um prato cheio para doutrinadores testarem o
alinhamento ideológico em vez de o conhecimento objetivo. Haddad cita alguns
exemplos de claro viés ideológico na entrevista. O que é testado é o grau de
proximidade ideológica dos alunos. Aqueles que respondem de acordo com uma
mentalidade esquerdista se sobressaem. De onde vem isso? Diz Haddad:
Os leitores podem me acusar de francofóbico, mas a verdade é
que muita porcaria nessa área de humanas vem mesmo da França. Já resenhei aqui
o livro Maquiavel Pedagogo, do também francês Pascal Bernardin (às vezes um se
revolta e se destaca na luta pela liberdade lá). Ele mostra como a pedagogia
moderna se transformou em doutrinação ideológica.
Enquanto isso, os Estados Unidos, também contaminados, mas
em menor grau, seguem produzindo vários ganhadores de Prêmio Nobel, e Israel
segue despontando com suas universidades meritocráticas. Qual modelo o Brasil
vai seguir?
Claudio Haddad, que deveria ser o ministro da Educação no
lugar do outro Haddad, o petista que hoje é prefeito de São Paulo, oferece a
solução: as universidades se aproximarem mais do mercado, das empresas, da
realidade objetiva:
Mas vai mexer nessa Torre de Marfim, repleta de marxistas
que sequer leram Marx! É como mexer num vespeiro. Ainda assim, se desejamos
melhorar nossa qualidade de ensino e colocar o país na rota do crescimento
sustentável, teremos de fazer exatamente isso: mexer nesse vespeiro ideológico
e libertar nossas universidades da praga marxista que doutrina em vez de passar
conhecimento objetivo aos alunos.
A cartilha petista, as vigarices e mais uma vaia para Dilma. Está difícil para a soberana deixar o castelo e andar entre os súditos
Dilma: vaias depois do pronunciamento e da
oficialização da
candidatura. Vai mal!
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- Se Dilma sabe como devolver a inflação para o centro da
meta, por exemplo, por que ela não devolve, então, a inflação para o centro da
meta?
- Se Dilma sabe como acabar com a roubalheira da Petrobras,
por que, então, ela não acaba com a roubalheira da Petrobras?
- Se Dilma sabe como responder aos graves entraves
existentes na infraestrutura, por que, então, ela não responde aos graves
entraves existes na infraestrutura?
- Se Dilma sabe como reverter, ou minimizar ao menos, o
rombo histórico que haverá nas contas externas, por que, então, ela não o
reverte ou minimiza?
- Se Dilma sabe como resolver o estado de miséria da
segurança pública, por que, então, ela não resolve o estado de miséria da
segurança pública?
A resposta é simples: ela não faz nada disso ou porque não
sabe ou porque o arco de alianças que a sustenta no poder não permite. Dilma
tem uma base de apoio gigantesca. Ainda que ela venha a vencer a disputa, terá
certamente menos apoio no Congresso do que tem hoje. Querem um exemplo? Um
eventual governo Aécio Neves contará com um PMDB mais unido na base de apoio do
que um eventual novo governo Dilma, embora esse partido vá para a disputa tendo
garantida a posição de vice na chapa encabeçada pela petista.
Restou ao PT, então, lançar uma cartilha em defesa da presidente
dizendo por que os outros não podem ser eleitos, não por que ela deve ser
reeleita. E aí sobram as picaretagens e as mistificações de sempre, que alguns
vigaristas intelectuais já estão tentando transformar em teoria política.
A defesa da independência do Banco Central — ou de um Banco
Central independente das injunções políticas, que é o mínimo que se pode
esperar da autoridade monetária — foi transformada, na cartilha petista, numa
suposta ação “antipovo”. A afirmação de que um presidente da República não pode
ser refém da popularidade é lida como a defensa de “medidas amargas” contra os
pobres.
Assim, pergunta-se: qual é a proposta do PT? Mais uma vez,
investir na falsa polarização entre “nós” e “eles”; entre os supostos defensores
do povo e seus algozes. Não sei, não… Tenho a impressão de que esse discurso já
não cola mais com tanta facilidade. Ou vamos ver.
Vaia
Neste sábado, a presidente Dilma foi à abertura da 80ª
edição da Expozebu, em Uberaba, Minas Gerais. Quando seu nome foi anunciado,
explodiu uma sonora vaia. Aqui e ali, leio que se trata, afinal, de um “reduto”
do senador Aécio Neves (PSDB), candidato do PSDB à Presidência. É, não deixa de
ser.
Mas e a vaia havida na festa promovida pela CUT, no Vale do
Anhangabaú, em São Paulo? Não se pode chamar, creio, de “reduto tucano” um
evento patrocinado pela central que atua como um dos tentáculos do PT. E, no
entanto, os petistas não conseguiram fazer um miserável discurso. A chuva de
garrafas, latas e bolas de papel não permitiu. A cada vez que alguém
pronunciava o nome de Dilma, era vaia na certa. O mesmo se deu na manifestação
organizada pela Força Sindical.
Então vamos ver: Dilma vai ao ar em rede nacional de rádio e
TV na quarta, anuncia bondades, e é sonoramente vaiada na quinta. O PT
praticamente a oficializa como candidata na sexta, e tome mais vaia no sábado.
A máquina de difamação do petismo sempre foi muito poderosa
— não é de hoje. Vem lá dos tempos em que era um pequeno partido de oposição. A
Internet multiplicou muito o seu poder. Mas me parece que, desta feita, as
pessoas já estão um tanto mais precavidas.
A imprensa e o “Paradigma Louis Renault”
O PT parece andar sem ideias. Em sua cartilha, a imprensa
apanha mais uma vez, tratada como o verdadeiro partido de oposição do Brasil.
Os petistas consideram que noticiar as lambanças na Petrobras ou os vínculos de
André Vargas e Alexandre Padilha com o doleiro Alberto Youssef é “coisa de
oposição”? Não! É coisa do inquérito da Polícia Federal.
Mas sabem como é a boca torta. Lembram-se de Louis Renault,
o capitão de polícia corrupto do filme “Casablanca”? Ao dar uma ordem a seus
subordinados para apurar os responsáveis por um assassinato — e com o intuito
de proteger Rick, seu amigo —, dispara uma frase que ficou famosa: “Round up
the usual suspects” — “prenda os suspeitos de sempre”.
O jornalismo independente está entre os “suspeitos de
sempre” do petismo. O paradigma de honestidade do partido é aquela gente que
vive pendurada nas tetas das estatais e da verba oficial de publicidade. Os
petistas parecem acreditar apenas na “honestidade intelectual” que tem um
preço.
Paulo Maluf mostra que ainda cultiva a ousadia e o “non sense” de um canalha incorrigível
Por ucho.info
Óleo de peroba – Há dias, o ex-prefeito e deputado federal
Paulo Salim Maluf (PP-SP) compareceu a uma clínica médica da capital paulista
em busca de tratamento para perda de peso. Ao chegar ao local, Maluf foi
atendido por uma das recepcionistas que, muito gentilmente, colheu os seus
dados para o preenchimento da ficha que em seguida seria entregue aos médicos.
Após responder ao questionário padrão, Maluf, com sua
conhecida prepotência e humor rasteiro característico de canastrões, voltou-se
para a recepcionista e quis saber por qual razão ela está acima do peso, mesmo
trabalhando em uma clínica voltada a dietas para emagrecimento. Novata no
trabalho e envergonhada por conta da atitude discriminatória de Maluf, a
recepcionista tentou se explicar. Ao final, o deputado, com sua peculiar
postura debochada, disse ser muito engraçado. Maluf confunde engraçado com
folclórico, mas acredita que sua fama de gatuno é merecedora da reverência
alheia.
Preocupada com a possibilidade de perder o emprego, a
recepcionista adotou mudez quase obsequiosa, até porque estava diante de uma
“autoridade”. Fosse tão ousada quanto seu interlocutor, a moça certamente teria
perguntado a Paulo Maluf o que ele faz no Congresso Nacional, onde, em tese, a
retidão de caráter é exigência “sine qua non”.
Paulo Maluf nem mesmo em sonho tem o direito de questionar
alguém, não importando quem seja, até porque seu currículo bandoleiro fala por
si só. Ademais, é preferível estar com alguns quilos a mais e poder fazer
viagens internacionais, do que ter força de vontade para emagrecer e estar
impedido de colocar um pé além das fronteiras País, sob pena de ser preso.
Enquanto a recepcionista tem todas as chances de perder os
quilos a mais, subindo na balança e conferindo sua conquista, Paulo Maluf
continua na lista de procurados da Interpol, no nível “alerta vermelho”, o mais
alto da organização.
Juntamente com um dos seus filhos, Flávio, o arrogante Maluf
entrou na mira da Interpol por causa de uma decisão da Justiça norte-americana,
que condenou o alarife paulistano por lavagem de dinheiro. Então promotor de
Nova York, Robert Morgenthau conhece a fundo as estripulias de Paulo Maluf.
Isso porque o engraçado (sic) deputado, ao contrário do que ora busca na
clínica de emagrecimento, procurou engordar suas contas bancárias no exterior
de maneira nada ortodoxa.
Detalhes do que ocorreu na recepção da clínica médica foram
repassados ao ucho.info por pessoa de extrema confiança, ligada ao editor do
site, e que presenciou a cena deplorável. As palavras que a nossa fonte usou
para se referir a Maluf são impublicáveis.
Pesquisa mostra nova queda de Dilma e crescimento de Aécio. Nos últimos 30 dias, tucano ampliou intenções de voto em 50%.
Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra pela primeira vez, desde que
começaram a ser divulgadas as enquetes eleitorais de 2014, que a sucessão da
presidenta Dilma Rousseff deverá ser decidida apenas no segundo turno. No
levantamento realizado com dois mil eleitores entre os dias 22 e 25 de abril,
Dilma (PT) soma 35% das intenções de voto. É seguida pelo senador mineiro Aécio
Neves (PSDB), com 23,7%, e pelo ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB), com 11%.
Juntos, Aécio e Campos têm 34,7% dos votos, praticamente a
mesma votação de Dilma (diferença de 0,3%). Como a pesquisa tem uma margem de
erro de 2,2%, se a eleição fosse hoje o futuro presidente seria escolhido no
segundo turno numa disputa entre Dilma e o tucano Aécio Neves.
A mesma situação ocorre quando, diante do eleitor, é
colocada uma lista mais ampla, incluindo os nomes de pré-candidatos nanicos
como Levy Fidelix (PRTB) e Randolfe Rodrigues (Psol), por exemplo. Nesse caso,
a presidenta fica com 34% das intenções de votos e os demais candidatos, 32,4%.
Diferença de 1,6%. Um cenário que também permite concluir pela realização de
segundo turno entre Dilma e Aécio.
“A leitura completa da pesquisa indica que a presidenta terá
muita dificuldade para reverter o quadro atual”, afirma Ricardo Guedes Ferreira
Pinto, diretor do Sensus.
O resultado da primeira pesquisa da série que será feita por ISTOÉ em parceria com o Sensus explica a tensão que passou a dominar o Palácio do Planalto e a cúpula do PT nas últimas semanas. Desde que assumiu o governo, em janeiro de 2011, todas as enquetes apontavam para uma confortável reeleição da presidenta ainda no primeiro turno. Agora, mais do que a concreta hipótese dos dois escrutínios, há uma ameaça à própria reeleição. A distância que separa Dilma de seus opositores nunca foi tão pequena.
No levantamento ISTOÉ/Sensus realizado em 136 municípios de
24 Estados, menos de 7% dos votos distanciam Dilma de Aécio em um eventual
segundo turno. Se a eleição fosse hoje, a presidenta teria 38,6% e o senador
mineiro 31,9%, uma diferença de 6,7%. Se a disputa fosse com o ex-governador
Eduardo Campos a situação de Dilma seria mais confortável: teria 39,1% contra
24,8%.
“O que se percebe é que no último mês passou a ocorrer uma
migração de votos da presidenta para candidatos da oposição. Antes, as pequenas
quedas de Dilma aumentavam o índice de indecisos”, diz Guedes. Mais do que o
crescimento das candidaturas de PSDB e PSB, dois outros fatores revelados na
pesquisa ISTOÉ/Sensus têm tirado o sono dos aliados da presidenta.
O primeiro é a alta taxa de rejeição. Hoje 42% dos eleitores
afirmam que não votariam em Dilma de jeito nenhum. Eduardo Campos é rejeitado
por 35,1% e Aécio Neves por 31,1%. “Como a presidenta é a mais conhecida dos
eleitores, não é surpresa que tenha também um índice maior de rejeição, mas 42%
é muita coisa”, analisa Guedes. “Não me recordo de nenhum caso de alguém que
tenha conseguido se eleger chegando ao segundo turno com mais de 40% de
rejeição. E o quadro atual não é favorável para a presidenta reverter esses
números”, conclui.
O outro elemento que assombra as lideranças do PT e a cúpula
do governo refere-se à fidelidade partidária. Historicamente, o PT costuma
assegurar, nas eleições majoritárias, uma média mínima entre 16% e 18% dos
votos para seus candidatos, o que tem invariavelmente levado o partido ao
segundo turno nas principais disputas. São os chamados votos petistas.
Este ano, o levantamento ISTOÉ/Sensus aponta para sinais de
fadiga no partido. De acordo com a pesquisa, apenas 9,6% do eleitorado declarou
identificação com a legenda da estrela vermelha. Ainda é a legenda com maior
empatia (o PSDB tem 5,1% e o PMDB, 2,3%), mas está longe das marcas que exibia
em disputas anteriores. “Certamente a prisão dos envolvidos com o mensalão e
principalmente as denúncias que pesam sobre a Petrobras são fatores
determinantes para isso”, explica Guedes.
Analistas políticos são unânimes ao afirmar que o bom
desempenho eleitoral do PT em 2006 (quando o ex-presidente Lula foi reeleito) e
em 2010 (quando Dilma venceu) pode ser atribuído, em boa parte, a uma arma
poderosa: a melhora do poder aquisitivo do brasileiro desde que Lula e seus
aliados chegaram ao Palácio do Planalto em 2003. Programas como o Bolsa
Família, aliado a um momento de praticamente pleno emprego e ventos econômicos
favoráveis, foram suficientes para se sobrepor à denúncia do mensalão, por
exemplo.
Agora, a pesquisa ISTOÉ/Sensus constata que a inflação vem
implodindo esse capital político e gerando desconfiança entre os eleitores. Dos
entrevistados, 65,9% disseram que hoje têm menos poder de compra do que há um
ano e apenas 15% afirmam que podem consumir mais. Guedes explica que os anos
seguidos de índices inflacionários superiores ao crescimento do PIB levam a uma
corrosão no poder de compra. “Na prática, a diminuição do poder aquisitivo fez
com que pessoas que deixaram a linha da pobreza acabassem voltando para ela,
embora os números absolutos não revelem isso”, diz Guedes.
Certa de que se não conseguir mudar esses números corre
sério risco de não se reeleger, a presidenta Dilma aproveitou o pronunciamento
feito em razão do Dia do Trabalho para anunciar um pacote de bondades que visa
principalmente repor o poder aquisitivo perdido pelos brasileiros nos últimos
anos.
A pesquisa ISTOÉ/Sensus também mostra uma inédita reprovação
do governo e da forma como a presidenta Dilma conduz a administração federal.
Dos eleitores, 66,1% avaliam o governo como regular ou negativo e 49,1%
desaprovam o desempenho pessoal da presidenta. Metade dos eleitores (50,2%)
acredita que o Brasil não está no rumo certo. Números como esses fazem com que
o fisiologismo que norteia a política brasiliense se aflore de forma perversa e
partidos aliados passem a flertar com a traição sem o menor constrangimento.
Na segunda-feira 28, por exemplo, 20 dos 32 deputados do PR
assinaram um documento pedindo a volta do ex-presidente Lula como candidato.
Acreditam que Dilma não dará conta de virar o jogo e fazem esse movimento sem
segredo. O líder do partido na Câmara, Bernardo Santana, pendurou em seu
gabinete a foto oficial de Lula quando assumiu o governo em 2003. Os números
negativos e a falta de perspectiva de dias melhores fazem com que também no PT
o movimento Volta, Lula ganhe apoio. Na semana passada, a presidenta se
pronunciou publicamente tentando conter a debandada: “Ninguém vai me separar de
Lula, nem ele vai se separar de mim”, disse. “Sei da lealdade dele a mim e ele
da minha lealdade a ele.
Na oposição, a expectativa é de que as próximas pesquisas
confirmem a tendência de queda da presidenta. “O eleitor está cansado disso
tudo que está aí e é natural que esses votos comecem a migrar para os
candidatos que representam a mudança”, disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O
ex-governador Eduardo Campos (PSB) faz a mesma aposta. Segundo ele, “a migração
de votos será ainda maior quando os candidatos da oposição se tornarem mais
conhecidos”. De acordo com o diretor do Sensus, Ricardo Guedes, a pesquisa
agora apresentada por ISTOÉ mostra que o eleitor ainda não assimilou a presença
da ex-senadora Marina Silva (Rede) na chapa liderada por Campos. “Até agora,
Marina transferiu para a aliança mais rejeição (ela tem 35,6%) do que votos”,
afirma Guedes.
Somos todos seres humanos!
A campanha contra o racismo, que ganhou incrível proporção
após o jogador Daniel Alves ter a genial sacada de pegar a banana que
arremessaram em sua direção e comê-la, acabou colocando a ala esquerdista
defensora das cotas raciais em uma sinuca de bico.
Ficou viral no Facebook o seguinte “meme”, com singelas
variações:
Eu mesmo coloquei a pergunta no ar: se somos todos macacos,
por que apenas alguns têm cotas? A pergunta retórica é um duro golpe naqueles
que dizem que somos todos iguais, mas agem como se uns fossem mais iguais que
os outros. A bandeira liberal é justamente a igualdade de todos perante as
leis, ou seja, abolir todo tipo de privilégio.
Não faz sentido repetir que “somos todos macacos”, querendo
dar ênfase a esta igualdade entre todos os seres humanos, para logo depois
pleitear tratamento diferenciado com base na “raça”. É uma clara contradição
lógica, que remete ao excelente livro de George Orwell, A Revolução dos Bichos,
em que os porcos tomam o poder na fazenda sustentando que todos os animais são
iguais, mas com o tempo vão alterando a máxima até concluir que todos são
iguais, mas uns mais iguais que os outros. Estava instaurada a era dos
privilégios suínos!
Frei David Santos, da Educafro |
E com razão! Como é que se pode alegar que somos todos
iguais, mas logo depois defender diferenças com base na “raça”? Por isso eu
sempre digo: as cotas raciais são a estratégia errada para um fim nobre, o
instrumento inadequado para combater o racismo, que deve ser combatido. Sim,
nós somos iguais, no sentido de que somos todos de uma só “raça”, a humana.
Então vamos parar de segregar a população com base justamente no critério
absurdo de raça!
Mas de alguma forma o Facebook achou minha simples pergunta
“ofensiva”, talvez por ter recebido uma chuva de mensagens de denúncia
coordenadas pelo MAV. O fato é que retirou do ar a pergunta, e eu publiquei um
aviso, no dia seguinte, do ocorrido. Hoje recebo a mensagem de que tive
novamente o conteúdo retirado e estou bloqueado por 24 horas na rede social:
A esquerda defensora das cotas raciais está num impasse e
tanto. Somos ou não todos “macacos”? Eu digo que sim! Eu digo que somos todos
da mesma espécie, todos seres humanos, parentes dos símios, e que a cor da
pele, assim como os olhos puxados dos asiáticos, é apenas uma diferença ligada
à adaptação em locais com climas e condições diferentes.
Daniel Alves |
Geneticamente não faz sentido falar em raças humanas. O que
pode variar, e muito, é a cultura. Mas esta jamais será inata. Defendamos,
portanto, uma cultura liberal que trate cada um como um indivíduo, uma
finalidade em si, merecedor de tratamento igualitário perante as leis. A cor da
pele, o formato dos olhos, a textura do cabelo, a altura, todas são
características individuais, mas não definem o indivíduo em sua essência,
formado por uma gama enorme de características.
O coletivista é aquele que seleciona uma única
característica – a “raça”, a nacionalidade, o sexo, a classe – e a toma como a
única relevante. O indivíduo, com toda a sua complexidade, desaparece, imerso
em um grupo que fala em seu nome. Ele é “o negro”, “o proletário”, “o
brasileiro”, “o homossexual”, e deixa de ser o José da Silva, que pode ser
negro, trabalhador, brasileiro e gay, e mesmo assim pensar por conta própria e
rejeitar rótulos coletivistas e cotas. Pode ser, enfim, um liberal, o que para
esses coletivistas defensores das “minorias” faria dele um “traidor”.
Somos todos seres humanos! Então vamos logo de
uma vez agir levando esse fato em conta…
PT lança cartilha da campanha de Dilma
Por Bruna Fasano, na VEJA.com. Ainda voltarei ao assunto, é
claro.
Um dia depois do encontro do PT que oficializou o nome da
presidente Dilma Roussef, com presença do ex-presidente Lula, em São Paulo, o
partido divulgou neste sábado um documento com as definições sobre a tática
eleitoral para vencer o pleito de outubro. O texto traz também o que se parece
com uma lista de diretrizes para um segundo mandato de Dilma – e quarto dos
petistas. A tônica do encontro, como se viu na sexta-feira, ainda é a de abafar
o ‘Volta, Lula’, que ganhou coro em setores da sigla.
Em número e importância de caciques petistas, o segundo dia
de encontro na capital paulista foi menos prestigiado. Com plateia bastante
esvaziada, poucos delegados do partido discursaram. A presença de Rui Falcão,
presidente nacional da legenda, teve como objetivo manter os representantes
regionais unidos e buscou reforçar o sentimento de que Dilma ainda é a melhor
opção para manter o governo em mãos petistas.
Uma brochura entregue aos delegados, para que estes passem
adiante as decisões do encontro, traz definições sobre a tática eleitoral e a
política de alianças para 2014. O documento reconhece que a disputa eleitoral
deve resultar em ataques ao desempenho do governo Dilma, já bastante criticado.
Como é tradição no partido, a imprensa foi responsabilizada pela perda de
popularidade da presidente. “Setores da mídia monopolizada, que funciona como
verdadeiro partido de oposição, representam um projeto oposto”, diz um trecho
do documento. Em outro parágrafo, o texto pede que o partido deve “apoiar
incondicionalmente” o projeto de continuidade, e, ainda assim, “manter e
manifestar o desejo de mudança”. Ou seja, internamente, o PT acredita ser possível
convencer o eleitor de que o jeito de mudar é manter as coisas como estão.
No programa de governo há um ataque indireto ao
pré-candidato do PSB ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos. “As oposições
estão estagnadas, sem discurso consistente, sem programa. Não escondem a
disposição de abandonar as políticas de emprego e de renda dos governos Lula e
Dilma. Reivindicam a “autonomia” do Banco Central (autonomia em relação a
quem?)”
Também pré-candidato, o senador tucano Aécio Neves (MG) não
foi poupado. “A oposição anuncia ‘medidas amargas’, ‘impopulares’, caso venham
a ser eleita (…) Amargas para quem?”, diz outro trecho da brochura. Neste
ponto, o PT faz referência à entrevista concedida por Aécio Neves em abril,
quando o pré-candidato do PSDB afirmou não temer “medidas amargas” e disse que,
se eleito, não se tornaria refém de avaliações impopulares.
Caso Padilha
Ao final do evento,
Falcão falou a jornalistas sobre a candidatura de Alexandre Padilha,
ex-ministro da Saúde, ao governo de São Paulo. “Não cogitamos substituir o
candidato, até porque não há nenhum motivo para isso”, afirmou. Padilha vive um
momento turbulento, com nome ligado constantemente a figuras presas e
investigadas pela operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Entre os “amigos
ocultos” revelados pela investigação está o doleiro Alberto Youssef, dono de
uma empresa de fachada – o laboratório Labogen – que firmou contrato com o
Ministério da Saúde na gestão do petista à frente do Ministério da Saúde. Entre
os líderes petistas que participaram do encontro neste sábado estavam o líder
do PT na câmara, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, o deputado federal Paulo
Teixeira e o senador Eduardo Suplicy – todos de São Paulo.
O presidente nacional do PT passou boa parte do evento nos
bastidores, articulando com alas radicais e minimizando os resultados das
últimas pesquisas eleitorais que apontam que o desempenho de Dilma não é
animador. Na última análise divulgada, 49,1% dos entrevistados desaprovaram o
desempenho pessoal da presidente. Alas radicais dizem que o partido deveria ir
às ruas protestar contra a prisão dos mensaleiro presos no julgamento da ação
penal 470 – única forma que o PT se refere ao mensalão. E, em documento,
defendem que José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha são
representantes legítimos do PT, embora Lula tenha afirmado em entrevista
recentemente que eles não seriam de sua ‘confiança’.
A necessidade de acalmar as correntes radicais
mostra, mais uma vez, o tamanho do racha interno que atormenta o partido e o
governo. Conhecido por embates internos intensos, o PT, cujo comando tentou nos
últimos dois dias demonstrar união em torno do nome de Dilma, termina o evento
sem a certeza de que sepultou o ‘Volta, Lula’. Apesar do esforço, mais
importante do que o discurso oficial seria reverter a tendência de queda de
Dilma, mantida nas últimas três pesquisas eleitorais.
Aécio diz que ele e Campos estarão no mesmo projeto de País. Em 2015.
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador
Aécio Neves (MG), iniciou sua palestra no Fórum Empresarial de Comandatuba,
nesta sexta-feira, 2, tecendo elogios ao ex-governador de Pernambuco e presidenciável
do PSB nesta campanha, Eduardo Campos. Apesar de estar em campo distinto na
corrida presidencial, o tucano disse: "Não consigo ver o Eduardo como
adversário, somos companheiros de trincheira do mesmo sonho", arrancando
aplausos da plateia. Depois de criticar a atual gestão petista, ele disse que
falaria algo que iria surpreender a todos: "Não vejo como, a partir de
2015, não estarmos eu, (Eduardo) Campos e Marina (Silva) no mesmo projeto de
País."
No campo da reforma política, Aécio defendeu o voto
distrital e o fim da reeleição com mandato de cinco anos. O tucano lembrou que
a instituição da reeleição foi feita no governo de seu correligionário, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e brincou: "Vou parodiar o
presidente Lula e dizer que prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter
aquela velha opinião formada sobre tudo." Em 2007, o então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva usou frase do músico Raul Seixas para justificar
diferenças de posição do PT como oposição e como governo.
Economia. No discurso aos empresários, Aécio voltou a dizer
que o Brasil não foi descoberto a partir de 2003, numa crítica indireta a Lula.
Mas enalteceu o petista por conta dos programas de transferência de renda bem
sucedidos que ele implantou em sua gestão. O tucano repetiu a frase que havia
usado em outras ocasiões nesta pré-campanha: "Somos todos brasileiros, não
podemos dividir o Brasil ente nós e eles".
Após o breve elogio ao petista, o presidente do PSDB
criticou a mudança nos pilares macroeconômicos iniciada no segundo mandato de
Lula. "Estamos voltando à agenda de dez anos atrás". E alfinetou:
"Tenho divergências profundas com os que estão no poder (governo do
PT)."
O senador mineiro criticou também a falta de segurança
jurídica que, no seu entender, impera hoje no País. "Não se respeitam
regras, somos vítimas desse intervencionismo", frisou. E disse que o
próximo presidente herdará uma "herança perversa" de inflação em
alta, crescimento baixo e perda crescente de credibilidade. Aécio citou ainda os
"péssimos resultados" da balança comercial brasileira.
Outro alvo de crítica foi a "escorchante carga
tributária". Aécio prometeu que, se for eleito, vai apresentar em seis
meses uma proposta de simplificação tributária, arrancando aplausos dos empresários.
"Quem melhora a vida de cada um é a própria pessoa, Estado tem de ser
apenas parceiro, restabelecendo a confiança e a esperança."
Obras. No fim da palestra, Aécio disse que não é possível
classificar como natural os "gastos milionários" do governo federal
com as obras públicas em todo o País. Ele disse que o setor público não é
inimigo do setor privado e que não é possível o País estar na lanterna do
desenvolvimento da região.
Além das críticas à economia, o senador tucano falou que o
País enfrenta problemas nas áreas da educação, saúde e segurança. "Temos
de ter coragem de enfrentar a questão da criminalidade, sem a omissão atual do
governo federal", disse.
Aécio começou sua explanação, que durou 35 minutos,
brincando com o presidente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), João Dória
Júnior, dizendo que ele poderia ser o arrecadador de sua campanha, após ele ter
coordenado arrecadação para o Instituto Ayrton Senna na manhã desta
sexta-feira, reunindo em poucos minutos uma cifra superior a R$ 1 milhão.
(Estadão)
Regime militar salvou o Brasil de se tornar uma grande Angola
Por José Maria Silva
Carlos Marighella: padecendo torturas bárbaras,
como muitas
outras vítimas de ditaduras antes de 1964
|
Mas não se deve combater o mito guerrilheiro com outro mito
— o do Exército salvador da pátria, que, a cada ameaça comunista, é chamado a
salvar a democracia a golpes de Estado.
E assim foi preso Carlos Marighella, que ficaria
internacionalmente famoso como autor do “Manual do Guerrilheiro Urbano”: em vez
de encontrar Taciano Fernandes, companheiro de subversão, preso às duas e meia
da madrugada, seu infeliz encontro em Santa Teresa, pouco depois das seis horas
da manhã, foi com um “magote de policiais que voaram em sua direção como a
tarrafa sobre o cardume”, na descrição de seu biógrafo Mário Magalhães. Foi
jogado num carro, já apanhando, e levado para a Polícia Central do Rio de
Janeiro, onde foi recebido com murros no rosto, no peito e nas costas, em meio
a impropérios. Ao ser entregue ao chefe de Segurança Social, Serafim Braga,
recebeu mais uma rodada de golpes: socos no estômago e pancadas de canos de
borracha, em meio a perguntas para que delatasse seus companheiros. Não
satisfeitos, seus algozes passaram a açoitá-lo nos rins, nas costas e nas
nádegas.
“Cinco sessões de espancamentos depois”, conta Mário
Magalhães, “encaminharam o comunista renitente para uma sala exclusiva para
tortura”, onde nada lhe foi dado para comer, até que, no início da tarde, o
chefe de Segurança Política, Antônio Emílio Romano, “comandou outra sova
concentrada na cabeça: o sangue escorreu pelo nariz e Marighella desmaiou”.
Depois de um curto descanso da tortura, enquanto policiais vasculhavam a casa
onde morava de aluguel, Marighella voltou a sofrer novo corretivo. Depois de 12
horas dessa tortura inicial na Central de Polícia, seus captores desistiram de
arrancar-lhe qualquer informação relevante e ele foi levado para o terror de
todos os subversivos — o quartel do Morro de Santo Antônio, espécie de sétimo
círculo do Inferno de Dante.
Tão logo foi jogado para fora do carro no pátio mal
iluminado, Marighella foi cercado por investigadores com seus cigarros acesos.
Como demônios à roda, envoltos na fumaça do tabaco, que Marighella detestava,
recomeçou a tortura: murros, pontapés e a brasa dos cigarros queimando a pele.
Para completar, um alfinete de gravata foi enfiado em seus dedos, debaixo das
unhas, uma por uma, metodicamente, até chegar à última, deixando suas mãos
completamente ensanguentadas e inchadas. Como se não bastasse, os torturadores
agarraram seus testículos e, a cada pergunta não respondida, apertavam com mais
força. A dor se tornou insuportável e Marighella desmaiou. Já era madrugada de
sábado e estava sem comer desde a manhã de sexta-feira. Mesmo assim, a manhã o
aguardou com novas mudanças de cárcere e, em cada uma delas, mais
espancamentos: murros, pontapés, cassetes, canos de borracha. “A dor lancinante
de uma hérnia, castigada pelos golpes, quase o enlouqueceu”, conta Mário
Magalhães.
Carlos Marighella foi apenas um dos muitos prisioneiros
políticos destroçados pela tortura, como mostra seu biógrafo ao descrever o
martírio de outros torturados: “As paredes do quartel da Polícia Especial
haviam ensurdecido com os berros desesperados de Arthur Ewert, cuja loucura
provocada pela truculência já se manifestava”. Para tentar salvar o alemão
Ewert das torturas, o advogado Heráclito Sobral Pinto invocou a lei de proteção
aos animais, mas pouco adiantou. O preso político ficou confinado durante dez
anos nas prisões brasileiras e, quando enfim foi libertado, já estava
irremediavelmente louco e terminou seus dias num hospital psiquiátrico da Alemanha,
seu país natal. Já o norte-americano Victor Allen Baron, operador de rádio que
tinha sido enviado pelo Komintern para fazer a Revolução, foi poupado da
loucura: depois de ter sido destroçado pelos torturadores, foi atirado do
terceiro andar do presídio onde estava sendo interrogado, numa simulação de
suicídio.
O nazismo verde-oliva dos “Comitês de Vingança”
Mas engana-se quem pensa que essas torturas bárbaras tiveram
lugar após o dia 31 de março de 1964, que inaugurou, há exatos 50 anos, o
regime militar no Brasil, reduzido por historiadores e formadores de opinião à
pecha de “ditadura militar”; na verdade, essas torturas sofridas por Carlos
Marighella e seus camaradas de comunismo ocorreram não em 1964, mas entre o
final de 1935 e o início de 1936, durante o governo de Getúlio Vargas — o
caudilho respeitado por Lula e pelo PT, cuja ditadura sanguinária passou para
os livros de história como “Revolução de 30”. Corretamente, por sinal, pois
Vargas foi muito mais do que um mero ditador — com truculência e paternalismo,
ele consolidou a República, que não passava, até então, de uma infeliz
quartelada. De modo análogo, o regime militar de 1964 criou o Brasil moderno,
urbano, expandindo a educação básica, o ensino universitário e lançando as
bases da pesquisa científica no Brasil.
Por isso, as “Comissões da Verdade” que se espalham pelo
País afora não passam de Comitês de Vingança, ocupados em distorcer a história
para engendrar, dentro dela, uma espécie de nazismo verde-oliva, representado
pelos militares que salvaram o Brasil do terrorismo crônico ou da guerra civil
em 1964. As novas gerações foram e continuam sendo forçadas a pensar que os
governos militares pós-64 são a síntese de tudo de ruim que aconteceu na
história do Brasil e que nada houve pior do que isso. A se crer no tom
horrorizado com que os formadores de opinião repetem a expressão “ditadura
militar”, tem-se a impressão de que nem mesmo a escravidão se igualou em
crueldade ao regime instaurado no País em 64. O regime militar tornou-se uma espécie
de marco zero da iniquidade nacional, projetando sua sombra devastadora no
passado e no futuro, como se fosse responsável retroativamente pelo extermínio
dos índios pelos bandeirantes, a escravidão do negro pelo português e até,
projetivamente, pelos escândalos de corrupção que continuam assolando a
República.
Prova disso é que a ditadura civil de Getúlio Vargas tem um
tratamento muito diferente nos livros de história e nas páginas dos jornais.
Enquanto o golpe de Estado de 24 de outubro de 1930, que depôs o presidente
Washington Luís, é retratado como “Revolução de 30”, o golpe de Estado de 31 de
março de 1964, que depôs o presidente João Goulart, é reduzido a epítetos como
“Ditadura Militar” e “Anos de Chumbo”. Mas quem entregou Olga Benário, grávida,
para as fornalhas nazistas não foram os militares de 1964, mas o ditador
Getúlio Vargas, quando combatia a Intentona Comunista de 1935. O que não
impediu Luiz Carlos Prestes, o santo comunista de Jorge Amado, de inocentar
Getúlio Vargas com seu apoio político, pisoteando e cuspindo na memória da mãe
de sua filha Anita Leocádia, hoje historiadora, que, por sorte, escapou da
morte.
Se tucanos e pefelistas não padecessem de ingenuidade
ideológica, o escopo investigativo da Comissão da Verdade teria retroagido a
1930 e, então, o Brasil saberia como é gélido o coração da ideologia de
esquerda, que ama a abstração da humanidade com tanto fervor que não hesita em
sacrificar o ser humano concreto que não se encaixe nesse ideal de perfeição.
Apesar das torturas que seus camaradas padeceram nas garras da polícia do
Estado Novo de Vargas (da qual ele próprio fora poupado, por ser militar) e da
prisão da judia Olga Benário, sua mulher, entregue aos nazistas aos sete meses
de gravidez, Luís Carlos Prestes perdoou Vargas em nome do ideal comunista
desossado de gente, por isso sempre pronto a saltar por cima de cadáveres. Em
23 de maio de 1945, num comício no Estádio do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro,
depois de nove anos preso, Prestes defendeu a união nacional em torno do
ditador Getúlio Vargas e disse que defender sua saída do poder, como pregavam
os setores democráticos, seria uma deserção e uma traição.
Dias depois, em 15 de julho de 1945, desta vez no estádio do
Pacaembu, em São Paulo, Prestes voltou a defender Vargas, seu velho algoz,
chamando de fascistas todos aqueles que criticavam o ditador e defendiam o fim
de seu regime para que fosse eleita democraticamente uma Assembleia Nacional
Constituinte. Prestes, ao contrário, queria uma Constituinte com Vargas no
poder, algo como uma Constituição de 88 tutelada por um presidente militar. O
entusiasmo com que defendia o caudilho gaúcho dividiu o próprio Partido
Comunista. Alguns de seus camaradas não conseguiam entender como um homem como
Prestes, que tinha sido preso por Getúlio e vira sua mulher judia ser entregue
grávida à Alemanha de Hitler, sucumbindo ao nazismo, podia, naquele momento,
transformar-se em arauto do ditador, tentando evitar a derrocada de seu regime,
a ponto de apoiar uma Constituinte tutelada.
Mas não foi apenas a memória de Olga Benário que a ideologia
comunista matou com a sua indiferença pela vida humana. Antes de ser presa, a
cúpula do Partido Comunista (PC) executou Elza Fernandes, uma pobre moça do
interior que, aos 16 anos, se tornara amante de Miranda, então secretário-geral
do partido. Desconfiado de que ela estava sendo usada pela polícia para caçar e
prender seus camaradas de partido, Luiz Carlos Prestes lavrou a sentença de
morte da Garota, como Elza era conhecida. Como seus camaradas hesitassem em
executar a sentença, Prestes escreveu-lhes um duro bilhete, chamando-os de
medrosos: “Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação
de vocês. Assim não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe
revolucionária. (...) Por que modificar a decisão a respeito da ‘garota’? Que
tem a ver uma coisa com a outra? (...) Com plena consciência de minha
responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião
quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais
tenho a acrescentar”.
Diante da determinação do líder maior do Partido Comunista,
Elza foi transferida para uma casa num local ermo de Deodoro, subúrbio do Rio
de Janeiro, e a sentença foi executada por quatro membros do partido. Depois
de, inocentemente, fazer café para os companheiros, ela foi estrangulada com
uma corda e seu corpo foi quebrado ao meio, até que os pés se juntassem ao
pescoço, para que coubesse dentro de um saco e pudesse ser enterrada no quintal
da casa. Estava cumprida a vontade de Luiz Carlos Prestes, o Cavalheiro da
Esperança, um dos heróis da Comissão da Verdade. Em seu favor, não se pode
alegar nem mesmo o medo da tortura ou da morte, já que era um soldado tarimbado
e, como se veria depois, foi preso com toda a dignidade de um comandante, sem
passar pelas agruras dos companheiros de infortúnio.
O genocídio comunista no Araguaia
No caso dos demais comunistas, candidatos a passar pelo que
Carlos Marighella passou nos porões da ditadura Vargas, é até compreensível que
eles quisessem afastar todas as possíveis causas de sua prisão. E se Elza
Fernandes, com sua ingenuidade facilmente manipulável pela polícia, era uma
dessas causas, quem pode acusá-los por tentar salvar a própria pele esfolando a
pele de terceiros? Confesso que até entendo o desespero dos subversivos
políticos que, perseguidos pela polícia e temendo a tortura e a morte,
entregavam um companheiro ou até mesmo o eliminavam, numa tentativa desesperada
de sobrevivência. O que não se pode admitir é que, mesmo depois desse tipo de
experiência, várias vezes repetida na história, a esquerda jamais aprenda com
seus próprios erros e continue glorificando a luta armada, como se fosse
possível construir uma sociedade perfeita regada com o sangue de inocentes.
Com base nessa arrogante cegueira ideológica, que
desconsidera as fragilidades do homem concreto, a esquerda cria mitos — como o
nazismo verde-oliva que vai sendo imposto pelas Comissões da Verdade. Ao mesmo
tempo, como contraponto a essa crueldade nazista dos militares, engendra-se,
também falsamente, o impoluto idealismo da geração de guerrilheiros que
combateram o regime, hoje transformados em verdadeiros santos nas páginas dos
jornais e nos livros de história. Já escrevi e repito: o regime militar de 64 é
a muleta moral dos intelectuais de esquerda — eles o acusam de todos os crimes
para melhor acobertarem os próprios. Começando pela guerrilha urbana e rural, o
crack da época, que aliciava adolescentes e jovens doidivanas para uma luta
obviamente suicida, cujos mortos deveriam pesar não apenas nos ombros de seus
torturadores e assassinos, mas também na consciência dos velhos dirigentes
comunistas do PCdoB — diretamente responsáveis pelos mortos na Guerrilha do
Araguaia.
Só mesmo a insanidade ideológica para levar um grupo de
intelectuais a acreditar que seria possível fazer a revolução comunista num
País de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e 70 milhões de habitantes a
partir do voluntarismo de 98 guerrilheiros, praticamente sem armas, perdidos no
meio da selva, na maioria estudantes universitários urbanos, muitos dos quais
nunca tinham tomado nem banho frio na vida. O modelo era a Grande Marcha de Mao
Tsé-Tung. Mas o Oriente é outro mundo e a China faz fronteira com a Rússia, o
que facilitava o apoio de Stálin à guerrilha maoísta. Como contam Jon Holliday
e Jung Chang na biografia “Mao: A História Desconhecida”, a União Soviética
tinha homens em todas as principais cidades chinesas e fornecia armas, remédios
e informações essenciais para a sobrevivência do Partido Comunista Chinês.
O perigoso maniqueísmo ideológico
Com base nesse aparato bélico e de espionagem, os soviéticos
conseguiam sublevar camponeses em diversas províncias chinesas e, antes mesmo
de Mao iniciar a Grande Marcha, os comunistas já contavam com um exército de 20
mil homens na China, tirados do exército nacionalista de Chiang Kai-shek. Algo
muito diferente do Brasil, um país quase tão grande quanto a China, com uma
cultura nada guerreira e, ainda por cima, na área de influência dos Estados
Unidos, que, obviamente, jamais aceitariam de braços cruzados a transformação
do maior país da América Latina numa nação comunista. Para os Estados Unidos,
uma coisa era permitir que uma pequena ilha como Cuba se tornasse uma ditadura
comunista; outra bem diferente era aceitar que o mesmo ocorresse no Brasil. Se
nem hoje a Rússia aceita que a Crimeia deixe sua área de influência, como
imaginar que o Brasil se tornaria satélite de Moscou a partir da tresloucada
aventura dos guerrilheiros do Araguaia?
Todas as guerrilhas de sucesso no mundo, inclusive a que é
promovida pelas Farc na Colômbia, foram feitas em regiões de fronteira, de
preferência entre países rivais, permitindo que os guerrilheiros, quando
cassados pelas forças legais de seu país, pudessem se homiziar temporariamente
no país vizinho. Creio que a única guerrilha do mundo totalmente ilhada na
região central de um país, sem qualquer rota de fuga decente, foi justamente a
Guerrilha do Araguaia — o que mostra a insanidade mental e moral de seus
idealizadores. Os jovens que perderam a vida na guerrilha armada, urbana ou
rural, não eram heróis coisa nenhuma. Eram apenas lunáticos — seduzidos para a
morte pelos genocidas da própria esquerda que formularam uma luta armada sem
qualquer chance de vitória. E se o seu intento lograsse algum efeito, ele não
seria a implantação do socialismo, mas a eclosão de uma guerra civil. Ou os
empresários iriam dividir suas empresas; os proprietários rurais, suas terras;
a classe média, suas casas — tudo isso sem luta? Se a guerrilha desse certo, o
Brasil não seria uma nova potência socialista — seria uma imensa Angola de
miséria e sangue.
Não se constrói uma nação com base no maniqueísmo
ideológico, que aniquila o senso crítico e infantiliza os jovens, tornando-os
presas fáceis de qualquer demagogo de esquerda que se apresente como revisor do
passado e senhor do futuro, oferecendo a utopia da revolução como uma espécie
de errata da própria humanidade. A nação precisa ser criticamente educada para
pensar o passado sem exageros, reconhecendo os erros e acertos de cada período
histórico. É impossível, por exemplo, que, nos 21 anos que separam o golpe
militar de 1964 da eleição de um presidente civil em 1985, o Brasil tenha sido
apenas uma terra arrasada por “anos de chumbo”, como querem fazer crer os
Comitês da Vingança que se arvoram a senhores da verdade. “O regime militar
brasileiro não foi uma ditadura militar de 21 anos” — é o que afirma o
historiador Marco Antonio Villa, doutor em história pela USP e professor da
Universidade Federal de São Carlos, em seu livro “Ditadura à Brasileira”, com o
qual eu e os fatos concordamos integralmente. Até o final de 1968, antes do
AI-5, o Brasil vivia uma efervescência político-cultural mais intensa do que
hoje. Depois da Anistia, em 1979, também.
Mas não se deve combater o mito guerrilheiro com outro mito
— o do Exército salvador da pátria, que, a cada ameaça comunista, é chamado a
salvar a democracia a golpes de Estado. O Brasil vive novamente um desses
momentos cruciais de sua história, em que as instituições estão sendo
transformadas em instrumento da ideologia esquerdista — o que leva alguns
setores da sociedade, ainda que minoritários, a pedir a volta dos militares. É
suicídio. Uma nação adulta dispensa pais de farda. A República brasileira não
pode ser uma quartelada, com interregnos de democracia em meio a uma história
de arbítrios. Mas também não pode ser uma eterna utopia, em que, à custa de
construir um “outro mundo possível”, a esquerda destrua cotidianamente o
mundo real, atiçando pobres contra ricos, negros contra brancos, mulheres
contra homens, minorias contra maiorias, até que, em meio a esse caos de
conflitos forjados, tenhamos o pior dos conflitos: militares contra civis — que
é onde morre a democracia.
Fonte: Jornal Opção